Festa de Natal no Mosteiro de Tibães em tempos de monges



Como prescrevia o cerimonial beneditino, na noite de Natal, ornava-se e iluminava-se a igreja com a maior preciosidade possível. Para os ofícios das matinas, missa e laudes acendiam-se, para além das seis velas do altar-mor, em todas as capelas, altares da igreja e todos os mais lugares, o maior número possível de velas e brandões das tocheiras, de modo a que toda a igreja ficasse primorosamente iluminada. Os retábulos que tinham estado, durante o Advento, parcialmente cobertos com cortinas roxas ou azuis são descobertos após as matinas da Vigília de Natal e, na paramentaria, a cor branca passa a substituir as anteriores. Para o turíbulo comprava-se grande quantidade de incenso e para a caçoula de barro, aquecida por fogareiro a carvão, adquiriam-se toda a variedade de perfumes como pivetes, pastilhas, aromáticas como o beijoim e o cravo-da-Índia, e águas de rosas e de flor. Também as alfaias e altares eram rociadas com águas odoríferas. Testemunho da preciosidade da festa é a compra, em 1719, de seis tigelas e seis pratos da Índia, por 600 réis, para se purificar os dedos no dia de Natal e ainda, em 1765, da compra e douramento de 20 arandelas de bronze para a capela – mor, por 21.000 réis. Também a música era chamada para honrar a festa. Para além das matinas e laudes serem cantadas e acompanhadas a órgão, o mosteiro pagava a músicos oriundos do exterior para tanger e cantar. Ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX, harpistas, contraltos tenores e triples (Segundo o dicionário de Raphael Bluteau, “das tres vozes que fazem boa consonância na Musica, Baxo, Tenor e Tiple, esta é a terceira e a mais alta”), enriqueciam os ofícios com a sua arte.

Às nove horas da noite, duas horas antes do horário normal, tocavam os sinos - um repique com todos os sinos e o dobrar do sino maior –para as matinas e o sacristão mandava iluminar a igreja e abrir as portas, para que o povo assistisse a toda a festa. Após o ofício, inteiramente cantado por todo o convento na capela-mor, começava a missa da meia-noite, a matutinal desse dia, realizada pelo abade com a maior solenidade. No altar, para além de todas as alfaias requeridas para o acto, colocava-se, ao canto da parte do evangelho, uma imagem do Menino Jesus deitado em bercinho ornado de flores artificiais, ladeada por dois ou quatro castiçais pequenos com velas. Durante a missa, e após a turificação, o Menino, depois de ser beijado no pé por todo o convento, era dado a beijar ao povo pelo celebrante que, no fim, com a mesma imagem fazia o sinal da cruz sobre o mesmo povo.







Mas a festa de Natal, não se limitava a este dia. Ela começava a 17 de Dezembro com as 7 antífonas maiores do Ó, assim chamadas porque têm início com esse vocativo, durante as quais era oferecido, pelo padre cantor, 1 ramo – o ramo de Ós – aos monges que levantavam a antífona; passava pela vigília de natal, dia, em que os monges, depois do ofício da prima, se dirigiam à cela do abade, para lhe apresentarem os votos de boas festas, e acabava em Janeiro, após as três oitavas, nas quais se destacavamos festejos do 1º de Janeiro e do dia de reis.

Nesta época, o rigor do jejum, apesar de ser tempo dele, era aliviado. Perus e leitões aparecem na mesa dos monges, que se deliciam, também, com sobremesa farta, onde abundam os variados doces secos e de calda; os farelórios – nome genérico para doces feitos de farinha e açúcar, como cavacas, fartens, etc. -, e os confeites, onde gastam montantes elevados que podem rondar a média de 50.000 réis.  A mero exemplo,informamos que só para o natal de 1720, compram 6 dúzias de morgados; 6 dúzias de luas; 12 dúzias de queijadinhas; 12 dúzias de massapães; 12 dúzias de cavacas e 10 arráteis de fartens de açúcar.

Nesta quadra, e à imagem das prendas dos dias de hoje, os monges e os trabalhadores permanentes do mosteiro eram obsequiados, com uma colação de natal que, nos século XVIII e XIX, era de 120 réis para os moços mais novos, como era o rapaz dos bois, e de 240 réis para os restantes trabalhadores, incluindo a lavadeira e de 2.400 réis para cada monge, com excepção da do abade geral e dos antigos gerais que recebiam 6.400 e 4.800 réis respectivamente.

E já que estamos a falar de prendas, penso que,hoje, o Mosteiro de Tibães bem merece e precisa, urgentemente, de uma. Se falasse, o mosteiro pediria, com toda a certeza, que lhe fizessem obras de manutenção nos telhados, para que a chuva deixasse de o incomodar.



Aida Mata

Agenda de 17 a 23 Dezembro


Agenda de 10 a 16 Dezembro


Agenda de atividades do Mosteiro de Tibães - Mês Dezembro


DIA DE S. MARTINHO

No próximo fim-de-semana, São Martinho é festejado no Mosteiro de Tibães! Vamos conhecer a vida do Santo e celebrar a sua memória.
Missa festiva; leituras encenadas; teatro de marionetas; música e magusto proporcionarão encantos, saberes e sabores.
O GAMT associa-se a esta festa, trazendo, para a tarde de Domingo, as cantigas e a música da Associação Cultural e Festiva Os Sinos da Sé.
 E já que estamos no universo da memória, deixemos os nossos dias e recuemos até aos dias dos monges de Tibães. Como viviam eles a festa a S. Martinho, o orago do Mosteiro?
Como Patrão do Mosteiro de Tibães a sua festa, era uma festa de primeira classe, como o eram o Natal, a Páscoa, a Ascensão, o Pentecostes e o Dia de São Bento.
A existência e solenidade da festa eram anunciadas pelo toque dos sinos. Os ofícios das matinas e vésperas eram anunciadas com três repiques de todos os sinos, incluindo a garrida, e com o dobrar do sino maior e a missa, com um repique breve e com o sino maior a correr por o espaço de um Padre-nosso. Também o sermão, se acontecesse de manhã, era anunciado, no dia antecedente antes das badaladas das almas com três repiques e o dobrar do sino maior por espaço de meio quarto de hora. Repetia-se no dia da festa meia hora antes de tocar à terça.

Nesses dias, a igreja e sacristia eram varridas e espanadas as paredes, os retábulos e os altares; os frontais eram mudados e limpas as pratas e os latões; os linhos eram postos de novo e os corporais lavados e engomados; era mudada e perfumada com cheiros a água benta das pias. Grande abundância de velas, rosas e ramalhetes de flores ornavam os altares. Caçoilas de faiança com as diferentes águas de cheiros - água rosas, água de flores, água de cedro – e as ervas e produtos aromáticos - alfazema, a carqueja, o cravo-da-índia, o beijoim, o âmbar e o almíscar - a par dos turíbulos com as pastilhas e o incenso, tornavam odorífera a igreja.

Com a igreja aberta, desde o toque das primas até ao das completas, o cerimonial litúrgico engrandecia-se quer no número de celebrantes e acólitos, quer nos paramentos, quer no percurso processional, quer com os cânticos e a música do órgão. As matinas e laudes eram inteiramente cantadas e os hinos, salmos e cânticos, próprios da liturgia desses dias, eram cantados com o acompanhamento do órgão.

Mas a festa também se celebrava à mesa. Como ordenavam as constituições beneditinas, durante as festas, por respeito da solenidade e trabalho dos monges e de acordo com a previdência do abade, dava-se de comer mais esplendidamente. Assim, a festa era também uma pausa no rigor alimentar da semana, dando lugar a uma refeição mais folgada, mais rica e mais abundante. Em Novembro, mês em que eram festejadas, para além do São Martinho, as festas de Todos os Santos, da Igreja e da Ordem Beneditina, e a folga do entrudo do Advento, eram feitas avultadas compras de carne onde, embora dominando a vaca, apareciam também a vitela, as galinhas, os perus e os leitões. Quanto ao peixe, compram, sobretudo, pescada e sardinha mas também congro, ruivo, raia, cação, polvo, robalo e pargo. Tudo acompanhado de bom vinho maduro. Os doces estão omissos nos registos de gastos. Aparecem apenas referenciadas as compras de leite, para o arroz, e dos figos e passas.

Vivendo intensamente a festa, os monges de Tibães libertavam-se, por um dia, da dureza quotidiana da clausura. 

Aida Mata

PROGRAMA DA PARÓQUIA - DIA S.MARTINHO

SÁBADO (10-Nov.)

14h30
Para as crianças do 1º e 2º ano da catequese, "Leitura Encenada sobre a vida de S.Martinho.

16h 
Teatro de Marionetas "S. Martinho, o cavaleiro do sol". Além das crianças do 3º ano da catequese, este espectáculo está aberto a crianças a partir dos 4 anos (acesso pago, 2 euros por pessoa). Estas actividades são organizadas pelo Serviço Educativo do Mosteiro de Tibães.

21h30 
Concerto pelo grupo "Capella Musical Cupertino de Miranda", no Mosteiro. Entrada livre.


DOMINGO (11-Nov.)

15h 
Missa no Mosteiro, seguindo-se o magusto (com a colaboração da Junta de Freguesia). Se o tempo permitir iniciamos com uma procissão a partir do Cruzeiro. A esta festa associam-se todos os grupos e movimentos da Paróquia. Além disso, associa-se também o Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães que patrocina a participação do Grupo "Associação Cultural e Festiva: Os Sinos da Sé", que, juntamente com o Rancho Folclórico de Tibães animará o magusto com "Cantigas e Músicas no S. Martinho”.

GOD FACTOR


MOSTEIRO SÃO MARTINHO DE TIBÃES
IMPRENSA
INFORMAÇÃO E RESERVAS
GOD FACTOR
EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTE CONTEMPORÂNEA CURADORIA DE INÊS VALLE

ALDO PEIXINHO; ANA MENDES; ANDREW ESIEBO; ANDRÉ FRADIQUE; BAHADIR YILDIZ; BRUCE WEST; CHRISTIAN CRAVO; FILIPE MARQUES; IVO MOREIRA BASSANTI; JOANNA LATKA; JOÃO GALRÃO; JOÃO VILHENA; MACIEL CARDEIRA; MARC BEHRENS; MEGAN HANSEN-KNARHOI; NATE LARSON; OLIVIA ARTHUR; PABLO BARTHOLOMEW; PIETER PAUL POTHOVEN; RICARDO TELES; STIJN VERHOEFF.

10.11 – 22.12.2012
INAUGURAÇÃO: 15H-18H
15h Visita orientada
16h30 Performance Ivo Moreira Bassanti

MOSTEIRO DE TIBÃES
Terça a Domingo
10-13h e 14h-18h
Rua do Mosteiro
Mire de Tibães - Portugal

“A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com Deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele”.  José Saramago

O projeto GOD FACTOR terá lugar no Mosteiro de São Martinho de Tibães, em Braga (Portugal) e decorrerá entre 10 Novembro a 22 de Dezembro do ano de 2012. Este explora a dimensão relacional entre Arte e Religião e toda a problemática que estas poderão suscitar. Partindo de um lugar iconológico – Mosteiro-, com uma enorme carga emotiva não só religiosa, mas igualmente social, cultural ou política; tenta expurgar a fonte que sintetiza este fervor, e insere-se na problemática que estes assuntos trazem à baila, entre pessoas e rituais, práticas e doutrinas, mantendo os possíveis conflitos entre as realidades locais que se projetam a nível global. “A constante negociação entre local e global, entre estranho e familiar, tem-se tornado uma condição base da modernidade” (Jean Fisher, 1992). Assim, o foco primordial deste projeto é criar novas formas de questionamento e reenquadramento das questões que substanciam o Ser na sua natureza devota, de forma a erguer uma consciência própria relativamente às estruturas de poder da religião e do culto.
No contexto estruturado das normas assumidas tradicionalmente na sociedade, impõe-se o evidenciar o paralelo entre obediência e transgressão e o conflito resultante das práticas que violam e subvertem o dogma religioso.

O programa em questão materializa-se em duas componentes: expositiva e plataforma discursiva. Ambas procuram potenciar a produção de conhecimento, através da confrontação de interpretações, memórias e testemunhos; através da recriação, da revisitação e reformulação dos conteúdos evangelizadores, quer da narrativa, quer da imagética. Por outro lado, confronta-se no paradoxo, no excesso, no manipulável, no poder, na demanda e na propaganda, o sentido do culto, os processos redentores e ascéticos face à imperfeição e à incapacidade de ser “fiel”. A exposição dará enfoque à produção artística que aborda as diferentes problemáticas que, de algum modo, se relacionam ou se aproximam do conceito que se organiza entre a arte e a religião; entre a arte e o ser, entre a arte e o sagrado, entre a arte e o profano, entre a arte e o proibido, entre a arte e os homens ou entre a arte e os deuses.

EVENTOS PARALELOS

Conversas com Artistas (Gratuito)*
11.11.2012
11h00 - 13h / 15h – 17h
Bruce West
                João Vilhena1
Ivo Moreira Bassanti
Megan Hansen-Knarhoi

Aldo Peixinho1
Joanna Latka
                Pablo Bartholomew
                Ricardo Teles
11.11.2012
15h – 17h
Filipe Marques
Maciel Cardeira
Marc Behrens

Workshops Cuddly Toy Jesus Cross”(Gratuito)
17.11.2012
15h          Por Megan Hansen-Knarhoi **
*Aconselha marcação antecipada; número limitado de lugares. **Aconselha-se marcação antecipada; número máximo de 10 pessoas; 1Por confirmar.


Agenda de atividades do Mosteiro de Tibães - Mês Novembro


Agenda de 22 a 28 Outubro


Agenda de 15 a 21 Outubro


Agenda dias 5 e 6 Outubro


ENCONTROS DE IMAGEM


EXPOSIÇÕES OUTUBRO


Agenda de atividades do Mosteiro de Tibães - Mês Outubro


JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO


Mosteiro de Tibães Procura Parceiros


O  Mosteiro de Tibães realiza no próximo dia 1 de Outubro pelas 15 h uma reunião com a qual pretende apoiar o empreendedorismo na área da Cultura e do Ambiente, através da apresentação de sugestões e propostas de atividade e projetos nas mais diversas áreas. Esta iniciativa conta com a colaboração da Agência Inova, associação especializada na área da economia da Cultura.
As propostas dirigem-se a empreendedores das mais diversas áreas de formação ( artes, ciências, comunicação, línguas, tecnologia, etc) e resultam da experiência do Mosteiro de Tibães e da Direção Regional da Cultura do Norte no desenvolvimento de iniciativas culturais, no apoio ao empreendedorismo e na promoção do emprego cultural. Por outro lado, resultam de um grande conhecimento da realidade cultural do país, das iniciativas em curso e dos seus atores, no sector das Indústrias Criativas.

Compareça. A entrada é livre.

Agenda semana de 24 a 30 Setembro

Por lapso, aparece na agenda de atividades do Mosteiro o concerto da Cappella Bracarensis no Sábado, dia 29 de Setembro.
No entanto, o concerto realiza-se na Sexta-feira, dia 28, às 21 h 30, na Sala do Capítulo.
Peço desculpa pelo lapso.

Participem.

Paulo Oliveira

Caminhada pelas azenhas e moinhos do Couto de Tibães

No Domingo, dia 30 de Setembro, entre as 8h30 e as 12h30, o Mosteiro de Tibães promove uma "Caminhada com História" no âmbito das Jornadas Europeias do Património.
Intitulada: "Caminhada pelas azenhas e moinhos do Couto de Tibães”, sairemos do Mosteiro bem cedo, passaremos pelas azenhas do Cávado, em Padim da Graça, atravessaremos Tibães pela Sr.ª do Ó, iremos aos moinhos de Panoias, regressando ao Mosteiro por locais de interesse em Parada de Tibães.

Apareça. Contamos consigo.

Dinamização: Paulo Oliveira e Joaquim Loureiro.


DRCN / Mosteiro de São Martinho de Tibães
Rua do Mosteiro, nº 59
4700-565 Mire de Tibães, PORTUGAL

CAKE DESIGN & CHOCOLATE


DIA MUNDIAL DO TURISMO



Comemoração do Dia Mundial do Turismo no Mosteiro de Tibães

O Mosteiro de S. Martinho de Tibães promove, no próximo dia 27 de Setembro, algumas atividades comemorativas do Dia Mundial do Turismo.
Entre as 16h30 e as 19h30 realiza-se uma visita guiada temática para estudantes, guias e outros profissionais de Turismo. A visita é gratuita mas mediante inscrição prévia.
A partir das 20h, no restaurante do Mosteiro, realiza-se um jantar com a participação do Doutor Varico Pereira, diretor da Turel, que irá abordar com os participantes a temática do Turismo Cultural e Religioso. 

DIA MUNDIAL DO TURISMO
 Jantar 27 de Setembro 2012
 APERITIVOS:

 -Linguiça Assada
-Tosta de Queijo fresco em cama de doce de tomate
-Pastel de Carne
- Pastel de Peixe

-Vinho Branco e Tinto
-Sumo de Frutas
 MENU:
 ENTRADA:             Sopa de Cebolas do Couto de Tibães
PRATO:                    Porco com delicias do Jardim dos Monges,
                                   Com arroz e legumes


SOBRE MESA :       Pera Bêbeda do Abade

Vinho Verde e Maduro reserva do Mosteiro
Água Mineral,   Refrigerantes e Café

Preço por pessoa: 20,00 €
Reservas através do nº: 253 282 420

Técnicas e Formas de Viajar por Conta Própria


CURSOS DE GESTÃO FLORESTAL


Curso financiado sobre Planos de Gestão Florestal no Mosteiro de Tibães. 
10 a 13 Set. 
Últimos lugares disponíveis.

Curso financiado sobre Gestão Florestal no Mosteiro de Tibães. 
17 a 20 Set. 
Últimos lugares disponíveis.

Contactos: 808109109 ou proder@regibio.com

Agenda de atividades do Mosteiro de Tibães - Mês Agosto


Uma manhã a (Re)descobrir o Mosteiro de Tibães

Duas dezenas de pessoas puseram no passado dia 21 de Julho mãos à obra para ‘desenterrar’ mais um pouco da história do Mosteiro de S. Martinho de Tibães, em Braga, desta vez, sobre o antigo lagar de azeite.

A iniciativa, promovida pelo Grupo de Amigos do Mosteiro de S. Martinho de Tibães (GAMT), integrou-se na comemoração dos 25 anos da antiga casa-mãe dos beneditinos, contribuindo para (re)descobrir memórias.

O desafio lançado aos participantes – incluindo algumas famílias – era limpar a área onde em tempos funcionou o lagar de azeite e o trabalho árduo deu frutos, pondo a descoberto parte da estrutura do lagar e do sistema que abastecia de água o local.

Antes, os participantes tiveram oportunidade de percorrer parte do circuito de água que abastece o Mosteiro de Tibães nas suas várias vertentes guiados pela arquitecta paisagista e técnica superior do Mosteiro, Maria João Dias Costa.

A primeira paragem foi na mina de S. Bento de onde seguiram para o aqueduto da Cabrita e da Preguiça, etapas que revelam o esforço dos monges beneditinos para trazer toda a água possível para o Mosteiro.

Chegados ao antigo lagar de azeite, Maria João Dias Costa deu uma explicação sobre como funcionava aquela estrutura agora votada ao abandono.

Depois lá chegou a hora de meter mãos à obra e os ‘amigos’ do Mosteiro não regatearam esforços. Uns de enxada, outros de engaço, tesoura e foicinha lá conseguiram desbravar a zona envolvente, abrindo caminho a um melhor conhecimento do antigo lagar de azeite do Mosteiro.

A jornada de trabalho culminou com um almoço partilhado, em jeito de piquenique, junto à casa do volfrâmio.

Para os mais resistentes seguiu-se uma visita à exposição fotográfica patente em vários espaços do Mosteiro e que se integra também nos 25 anos da memória deste espaço.

Vamos Conhecer a Ruína dos Antigos Engenhos da CERCA


Em 1987, dando satisfação ao que consagram as Cartas e Convenções internacionais respeitantes à conservação e restauro de monumentos e sítios, a pequena equipa que trabalhava, então, no mosteiro de Tibães, definiu uma estratégia de intervenção que passou pelas ações de salvaguarda (limpar, vigiar, proteger, controlar a degradação); pela investigação e estudo da ordem beneditina, do Mosteiro de Tibães e do seu Couto; por um projeto de estudo arqueológico e pela dinamização e abertura ao público dum espaço que, embora em ruína, era um monumento merecedor de ser visto, entendido e respeitado. 

No dia 21, um pouco à imagem do que fizemos há 25 anos, vamos trabalhar na ruína de antigos engenhos da cerca do mosteiro, para os dar a conhecer e dinamizar. Hoje, fruto do projeto de investigação e estudo que encetámos, podemos acrescentar o conhecimento público sobre aquele espaço. 

Sabemos que foram construídos em finais do século XVIII, entre 1796 e 1798, incluídos no grande projeto hidráulico que passou para além da edificação do lago e da abertura de várias minas para o alimentarem, pela construção de uma eficaz rede de retenção e distribuição de água, que recorrendo a poças, prezas, aquedutos de pedra, caleiras, galgueiras e canos regava os campos e fazia mover os diversos engenhos da cerca do mosteiro. Entre eles encontravam-se os da ruína onde agora vamos trabalhar e que o livro do Estado de 1798 descreve deste modo:


Nesta extensão de rota apareceram algumas águas que juntas com as vertentes do Mosteiro fazem uma quantidade considerável, e para se aproveitarem se fez uma grande preza na boca da dita mina, e desta se encaminham as águas por uma caldeira ao engenho de azeite, e Segunda, que de novo se fez ao fundo dos pomares deste Mosteiro. Para este novo engenho se fez uma grande casa, que tem suas paredes rebocadas, janelas, e porta de cantaria, e o emadeiramento com toda a segurança, e se abriram algumas trapeiras pra extração do fumo. Dentro desta casa se armou o engenho de azeite conforme o método de Dollabela[1] com uma grande tulha feita por um lado de perpianho toda lajeada de cantaria; e as paredes forradas de madeira para evitar a corrupção da azeitona; por baixo desta se fez um aqueduto para extração da água ruça tanto da tulha como do engenho: ao outro lado se fez um quarto de madeira para uma azenha de Segunda; que de novo se fez com tal arte, que havendo águas bastantes uma só roda faz trabalhar as pedras de ambos os engenhos; nos quais se puseram de novo todos os trastes necessários.


Também pelo Estado de 1801 sabemos que este engenho de azeite, que era de imprensa, passou a ser de varas, o que obrigou as paredes a serem engrossadas. Na mesma data, a mina que o alimentava foi emparedada. Destas construções e do seu modo de funcionamento, continuaremos a falar no próximo sábado. 

Apareçam !!!


[1] Giovanni Antonio Dalla Bella, nasceu em Pádua, Itália. Era professor de Física Experimental na Universidade de Pádua quando foi convidado pelo Marquês de Pombal (1699-1782) para vir para Portugal, leccionar Física no Colégio Real dos Nobres, que estava então a ser criado em Lisboa. Terminado o ensino científico no Colégio dos Nobres em 1772, foi chamado para a Universidade de Coimbra, quando da reforma dos seus estudos, tendo sido nomeado professor de Física Experimental. Foi-lhe concedido o grau de Doutor em 1773, tendo leccionado na Universidade de Coimbra até à sua jubilação, em 1790. Voltou para Pádua na década de 90, onde veio a falecer por volta de 1823. Apesar da sua área de trabalho ser a Física, desenvolveu diversos estudos sobre a agricultura, tendo estudado a cultura da oliveira e a produção de azeite, em memórias que foram publicadas pela Academia das Ciências de Lisboa.

TIBÃES, 25 ANOS: (RE)DESCOBRIR A MEMÓRIA

Muitos são os anos do Mosteiro de Tibães. O ano de 2012 é apenas mais um. Mas é um que nos desperta a memória, que nos provoca a reflexão, que nos move para a acção. 25 anos é muito tempo. Mas o tempo em património é longo. É preciso tempo para conhecer, tempo para intervir, tempo para divulgar, tempo para animar, tempo para fazer viver. O Mosteiro de Tibães viveu bem os seus últimos 25 anos.
O GAMT não podia deixar passar 2012, sem explorar a potencialidade que as efemérides propiciam.
Em Março, numa colaboração profícua com o mosteiro e com alguns dos seus Amigos, trouxemos memórias e saberes, que nos aproximaram dos diversos tempos e usos deste património.
Em Julho, com a Exposição Mosteiro de Tibães: 25 anos após a aquisição pelo estado Português, uma iniciativa do Mosteiro de Tibães e do GAMT e a colaboração do Museu da Imagem, a inaugurar no próximo dia 12 de Julho às 17.00 horas, revisitaremos o passado através de imagens do tempo e veremos o presente através do olhar de fotógrafos contemporâneos.
Ainda em Julho, a 21, vamos trabalhar na ruína dos antigos engenhos da cerca do mosteiro. Com a ajuda de todos os que a nós se juntarem vamos valorizar aquele espaço para o dar conhecer e proporcionar a sua fruição museológica.
Ás 09.30 horas de sábado, 21 de Julho, apareçam com água, vestuário e calçado apropriado e merenda para partilhar no almoço/convívio, que encerrará a manhã de trabalho. À tarde faremos uma visita guiada à exposição e trocaremos memórias dos tempos da ruína.
As inscrições para esta acção deverão ser feitas, até 20 de Julho, para o GAMT, amigosdetibaes@gmail.com, ou para o mosteiro de Tibães, msmtibaes@culturanorte.pt, tel. 253622670, 253623950.

Em Dezembro, voltaremos a (RE)DESCOBRIR A MEMÓRIA

UM APELO

O GAMT, depois de instalados os seus órgãos directivos e legalizada a situação, iniciou as suas actividades em 24 Março 2012, com uma visita ao Mosteiro, comentada por especialistas e protagonistas da sua história e acompanhada por música e poesia, seguida de um jantar na Hospedaria que juntou largas dezenas de pessoas.

Até ao final do ano temos prevista a realização de diversas iniciativas, mas para que tal se concretize precisamos da colaboração generosa e solidária dos nossos AMIGOS, precisamos de si!

É necessário que todos os que inicialmente aderiram à nossa proposta e integraram o grupo de fundadores da Associação, é necessário que todos os que acreditam na importância e no papel que o GAMT pode desempenhar na salvaguarda, dinamização e divulgação do Mosteiro de S. Martinho de Tibães se inscrevam como associados e participem com as suas quotas, com as suas ideias, com a sua presença na consolidação do nosso projecto.

Obrigado a todos

Os órgãos dirigentes

Ficha de sócio

Para se tornar Amigo do Mosteiro, deve preencher a Ficha de Sócio e remeter para:

GAMT - Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães
Rua do Mosteiro, nº 59
4700-565 Mire de Tibães

DESTAQUE - MÊS JULHO


Agenda de atividades do Mosteiro de Tibães - Mês Julho


TIBÃES BARROCO


Agenda de atividades do Mosteiro de Tibães - Mês Junho


EXPOSIÇÃO - MAIO 2012


PROJECTO UM DIA PELA VIDA

        
     Visita ao Mosteiro de Tibães

O projecto Um Dia Pela Vida nasceu há mais de 20 anos pela mão da American Cancer Society com o nome de Relay for Life, estando presente em mais de 26 países, nos cinco continentes, assumindo-se como um importante projecto internacional na luta contra o cancro.

O Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro angaria fundos para os programas de rastreio, educação para a prevenção, apoio ao doente oncológico e investigação, nomeadamente:

·   Efectua o rastreio do cancro da mama – Em Braga, está neste momento, a unidade móvel de rastreio.
·   Dá consultas gratuitas para a prevenção do cancro da pele.
·   Atribui anualmente 12 bolsas de investigação.
·   Possui um programa de educação para a prevenção junto da população e muito especialmente junto das escolas.
·  Apoia o doente oncológico com ajudas à deslocação para tratamentos e consultas gratuitas de psico-oncologia (para doentes e familiares).
·  Possui um grupo de voluntários no IPO que apoiam os doentes internados e que vão a tratamento.

Assim, só com recursos financeiros é possível atuar.
Para angariação de fundos, convidamo-lo a estar presente na Visita Guiada ao Mosteiro de Tibães, seguida de lanche, a realizar no dia 19 de Maio, às 15.00 horas, por 5 S. Bentinhos.


Apelamos à sua generosidade, contamos consigo.
    

Programa de atividades do Mosteiro de Tibães - Mês de Abril

No mês de abril, muitas razões para visitar o Mosteiro de Tibães.

Veja as sugestões!!!

EMENTA, JANTAR DE S. BENTO - 24 MARÇO - 20:00


Entrada:       Sopa de vacas contrafeitas
Prato:           Escabeche de peixe com arroz de açafrão
                     Salteado de ervas
Sobremesa: Doce fino
                      Ovos reais
Bebidas:       Vinho – Verde e Maduro, reserva do Mosteiro
                      Água Mineral
                      Café
Sopas de vaca contrafeitas
Tomarão hum molho de cheiros, coentros, endro, segurelha, ortelã e deita-lo-ão dentro de hũa panela nova com hum pouco de aseite muito e sua agoa. E depois de ter dado hũa boa fervura, lhe metem dentro hum ou dous olhos de couves, segundo a cantidade de sopas que querem fazer, e outro molho de cheiros como o 1º. E como a couve hé cozida fazem as sopas com aquele caldo pondo-lhe a couve en sima com sua capela de coentros.
Escabeche de peixe
O peixe é frito passado por farinha. E tomarão vinagre e azeite e o deitarão em hũa tigela ou panela ou tacho grande, com adubos, a saber, pimenta, cravo, gengibre, canela, noz noscada, tudo isto conforme a cantidade do peixe, e tudo muito bem pisado, e mais sinco ou 6 folhas de louro, salsa e hum punhado de asucar. E ferva tudo por espaso de hũa fervura de pescada.
Mesturadas
Fazem-se de todas as ervas que se comen, e picar-se-ão muito miudas com cebola, coentros, ortelã, e se porão a cozer em agoa que as cubra, com seu sal e depois azeite.