Missa festiva; leituras encenadas;
teatro de marionetas; música e magusto proporcionarão encantos, saberes e
sabores.
O GAMT associa-se a esta festa,
trazendo, para a tarde de Domingo, as cantigas e a música da Associação
Cultural e Festiva Os Sinos da Sé.
E já que estamos no universo da memória,
deixemos os nossos dias e recuemos até aos dias dos monges de Tibães.
Como viviam eles a festa a S. Martinho, o orago do Mosteiro?
Como Patrão do Mosteiro de Tibães a sua festa, era uma festa de primeira
classe, como o eram o Natal, a Páscoa, a Ascensão, o Pentecostes e o Dia de São
Bento.
A existência e solenidade da festa eram anunciadas
pelo toque dos sinos. Os ofícios das matinas e vésperas eram anunciadas com três
repiques de todos os sinos, incluindo a garrida, e com o dobrar do sino maior e a missa,
com um repique breve e com o sino maior a correr por o
espaço de um Padre-nosso. Também o sermão, se acontecesse de manhã, era
anunciado, no dia antecedente antes das badaladas das almas com três repiques e
o dobrar do sino maior por espaço de meio quarto de hora. Repetia-se no dia da
festa meia hora antes de tocar à terça.
Nesses dias, a igreja e sacristia eram varridas e espanadas as paredes, os retábulos e
os altares; os frontais eram mudados e limpas as pratas e os latões; os linhos
eram postos de novo e os corporais lavados e engomados; era mudada e perfumada
com cheiros a água benta das pias. Grande abundância de velas,
rosas e ramalhetes de flores ornavam os altares. Caçoilas de
faiança com as diferentes águas de cheiros - água rosas, água de flores, água
de cedro – e as ervas e produtos aromáticos - alfazema, a carqueja, o
cravo-da-índia, o beijoim, o âmbar e o almíscar - a par dos turíbulos com as
pastilhas e o incenso, tornavam odorífera a igreja.
Com a igreja
aberta, desde o toque das primas até ao das completas,
o cerimonial litúrgico engrandecia-se quer no número de celebrantes e acólitos,
quer nos paramentos, quer no percurso processional, quer com os cânticos e a
música do órgão. As matinas e laudes eram inteiramente cantadas e os hinos, salmos e cânticos, próprios da liturgia desses
dias, eram cantados com o acompanhamento do órgão.
Mas a festa também se celebrava à mesa. Como ordenavam
as constituições beneditinas, durante as festas, por respeito da solenidade e
trabalho dos monges e de acordo com a previdência do abade, dava-se de comer
mais esplendidamente.
Assim, a festa era também uma pausa no rigor alimentar da semana, dando lugar a
uma refeição mais folgada, mais rica e mais abundante. Em Novembro, mês em que
eram festejadas, para além do São Martinho, as festas de Todos os Santos, da
Igreja e da Ordem Beneditina, e a folga
do entrudo do Advento, eram feitas avultadas compras de carne onde, embora
dominando a vaca, apareciam também a vitela, as galinhas, os perus e os
leitões. Quanto ao peixe, compram, sobretudo, pescada e sardinha mas também
congro, ruivo, raia, cação, polvo, robalo e pargo. Tudo acompanhado de bom vinho
maduro. Os doces estão omissos nos registos de gastos. Aparecem apenas
referenciadas as compras de leite, para o arroz, e dos figos e passas.
Vivendo
intensamente a festa, os monges de Tibães libertavam-se,
por um dia, da dureza quotidiana da clausura.
Aida
Mata
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