Lembrando Percursos Beneditinos GAMT - Tibães em Braga II

Dando continuidade aos nossos percursos beneditinos, estivemos juntos no dia 9 de Maio de 2015. Tratou-se do 7º Percurso, sendo o 2º “Tibães em Braga”. Visitámos o Museu Pio XII, a Igreja do Hospital de São Marcos e a capelinha de S. Bentinho do Hospital.

Pretendeu-se, com esta série de visitas, continuar a descoberta de alguns fragmentos do espólio do Mosteiro de Tibães que, com a dissolução das ordens religiosas masculinas ocorrida em 1834, se encontram dispersos pela cidade de Braga. Ao longo de sua existência, o Mosteiro reuniu o maior e mais precioso espólio da região, desde a pintura, a escultura e a arte sacra, a uma vasta coletânea de livros sobre variados temas.
Museu Pio XII
Pelas dez horas, começámos pelo Museu Pio XII que recentemente renovou a sua exposição permanente com peças dos vários períodos da pré-história. Aqui, o arqueólogo Luís Fontes, sócio do GAMT, enriqueceu a visita com o seu singular saber mostrando-nos as peças e orientando-nos na descoberta de pormenores da vida dos povos dessa época. Tivemos mesmo a oportunidade de conhecer diversos capitéis coríntios oriundos de Tibães
Mas, para além da arqueologia, o museu dispõe também de um vasto espólio noutras áreas como a pintura e a escultura. Foi nesta área, na escultura, que encontrámos um leão rompante, fragmento de um brasão beneditino, e duas imagens dos vultos de S. Bento e S. Bernardo em madeira dourada e policromada, dadas como oriundas do Mosteiro de Tibães. Por gentileza da direção do museu, vimos também azulejos avulsos retirados do mosteiro. Crê-se que, para além de um marco do Couto (Estrada Velha), nas reservas deste museu haverá outros elementos retirados do período de abandono da abadia beneditina.
Tivemos ainda oportunidade de conhecer parte significativa da obra de Henrique Medina, um dos grandes artistas retratistas do séc. XX.
Igreja de S. Marcos
Porém, como tempo já escasseava, dirigimo-nos para a Igreja do Hospital de São Marcos, construída no século XVIII sob projeto do arquiteto Carlos Amarante e propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Braga.
Recebidos na igreja pelo representante da Misericórdia, José de Sousa Ribeiro, que nos fez uma breve introdução geral sobre a igreja e instituição, detivemo-nos em detalhes, como o túmulo de S. Marcos, orientados pelo Eduardo Oliveira e Aida Mata, fazendo um turno pela igreja e sacristia.
Mas o pormenor principal encontrava-se no coro alto aonde subimos. Trata-se do órgão de tubos, em bom estado de conservação, construído perto do fim do século XVIII, pelo organeiro Manuel de Sá Couto, da Lagoncinha que, segundo especialistas, terá vindo do coro baixo da Igreja do Mosteiro de Tibães. Argumenta-se que, por exemplo, as suas dimensões correspondem ao espaço outrora ocupado. Nesta questão, o historiador Paulo Oliveira acha-se convicto de tal facto.
S. Bentinho do Hospital

Concluímos o nosso périplo na capelinha de São Bentinho do Hospital para falar do culto. Esta pequena capela é um local de uma grande devoção popular. De entre o numeroso público participante na visita (45 pessoas!), muitos recordaram a música cantada por quem vem em romaria, à quinta-feira, a esta capela em que há uma pessoa que dita o verso e depois todos os outros o repetem enquanto vão andando.

Citando alguns versos:

Oh meu São Bentinho
De trás do hospital, (bis)
Tu deste saúde
A quem estava mal. (bis)
A quem estava mal
E aos outros também, (bis)
Oh meu São Bentinho
Para sempre ámen. (bis)

Assinalamos o nosso muito obrigado aos guias que estiveram connosco, o arqueólogo Luís Fontes e os historiadores Eduardo Pires de Oliveira e Paulo Oliveira que nos agarraram com o seu saber e nos deram a conhecer mais espólio disperso do Mosteiro de Tibães. Uma visita guiada por especialistas é um privilégio, sem dúvida, tornando-a muito mais agradável e enriquecedora.

Sócio do GAMT nº 2


Pia baptismal Mosteiro de Tibães