Conhecer o Mosteiro de Tibães 1834/1986 - Sinopse de um Curso

O Mosteiro de São Martinho de Tibães tem vindo a oferecer temas de conversa e descobertas que vão aguçando e alimentando a curiosidade de pessoas que de alguma forma se interessam pelo património. Nestas digressões sobre este tesouro do património português, encontramos pessoas implicadas na sua difusão e que, por isso, sentem a necessidade de pôr em comum os seus autênticos e importantes achados.
Vem esta reflexão a propósito do curso desenvolvido no Mosteiro de Tibães, sob iniciativa do GAMT e em colaboração com a DRCN, no presente ano, ao longo dos meses de fevereiro, março, abril e maio.
Seguindo o modelo de conferência em que vários especialistas tiveram a oportunidade de expor os seus conhecimentos decorrentes das suas aturadas investigações, abordaram-se temas modulares relacionados com a desamortização dos bens das ordens religiosas: Primeiros sinais na Congregação Beneditina Portuguesa, proferida por Dr. Paulo Oliveira, Mestre em História Contemporânea, área de Igreja e Sociedade; A extinção do Mosteiro de Tibães, por Dr. Paulo Oliveira; A Desamortização em Portugal, por Aurélio de Oliveira, Professor Catedrático convidado do ISMAI; Prática religiosa e social, por Professor José Carlos Peixoto, Mestre em Educação; Monteiro's, Marques's e companhias, por Aida Mata, investigadora do Mosteiro de Tibães e em história beneditina.
Terminou este curso no formato de mesa redonda, com a presença de alguns intervenientes no processo de aquisição do Mosteiro de Tibães, onde se discutiu O Renascer de um Património. Por entre a cinquentena de participantes, surgiram questões, levantadas por opinados participantes, relacionadas com a recuperação e manutenção do vasto património do mosteiro que inclui a cerca, o edificado e o seu escasso, mas não menos valioso, espólio.
Também em 2014, o GAMT produziu um projeto didático similar, que decorreu durante o ano de 2015, com o curso Conhecer o Mosteiro de Tibães - séculos XVII e XVIII. Naquele conjunto de matérias abordaram-se aspetos artísticos, culturais e vivenciais de um espaço – o Mosteiro, o Couto de Tibães e a comunidade dos beneditinos.
Com o material produzido para esse curso foi editada, em 2017, em parceria com a Câmara Municipal de Braga/Revista Bracara Augusta e o apoio mecenático de empresas e entidades da região, uma monografia. Aproveitamos para lembrar aqui os nossos mecenas, em jeito de renovado agradecimento, pelo empenho demonstrado no apoio à investigação histórica: as empresas Enermeter - Sistemas de Medição Lda., Posterede-Postes Elétricos S.A; Casais - Engenharia e Construção, S.A e as entidades Irmandade de S. Bento da Porta Aberta e Junta de Freguesia de Mire de Tibães.
Ao longo dos sete anos de vida ativa do Grupo de Amigos do Mosteiro de São Martinho de Tibães, uma atividade marcante da associação tem sido os percursos beneditinos, com viagens pela história da Ordem de S. Bento. Houve percursos específicos cuja temática se centrou no pecúlio do Mosteiro de Tibães disperso por diversos espaços, relacionado maioritariamente com a desamortização dos bens religiosos. Estaremos a lembrar-nos de percursos que se denominaram "Tibães em Braga", realizados em fevereiro e maio de 2015.
Visitámos espaços religiosos, culturais e públicos que nos falaram da história de Tibães e da congregação beneditina. Num dos percursos, fomos à Sé de Braga, onde reencontrámos alfaias e paramentaria; estivemos na Biblioteca Pública e no Arquivo Distrital onde se conserva parte da livraria de Tibães, bem como do seu cartório, um quadro com a carta de Couto e os retratos do Conde D. Henrique e da Rainha D. Teresa e terminámos na sala de entrada da Reitoria no Largo do Paço para vermos os dois painéis de azulejos oriundos do claustro do cemitério do Mosteiro.
Noutro itinerário, visitámos o Museu Pio XII, onde nos foi proporcionado um momento para apreciar diversos capitéis coríntios oriundos de Tibães e ainda duas imagens dos vultos de S. Bento e S. Bernardo em madeira dourada e policromada. Continuámos pela igreja do Hospital de São Marcos onde descobrimos, no coro alto, o órgão de tubos que, segundo especialistas, terá vindo do coro baixo da Igreja do Mosteiro de Tibães.
No dia 13 de outubro no ano passado, no 21º percurso, fomos à Biblioteca Pública Municipal do Porto, que recebeu uma parte do espólio da livraria do Mosteiro de Tibães. Foram apreciadas algumas das melhores peças provenientes de Tibães pela mão de Alexandre Herculano.
A enumeração da visita dos espaços atrás referidos representa de alguma forma a lógica, a fundamentação e a premência da realização do curso Conhecer o Mosteiro de Tibães 1834/1986.
No fecho do curso, durante a mesa redonda, ficou evidente e concluiu-se que a recuperação do Mosteiro de Tibães não estará ainda terminada. Vieram a talhe de foice o espaço do cemitério paroquial, a torre sineira e o órgão de tubos do coro alto.
Quanto ao órgão, recorda-se a realização da tertúlia “Memórias da Freguesia de Mire de Tibães à volta do Órgãos de Tubos” no ano de 2015, por sinal muito concorrida, e a tentativa da candidatura ao orçamento participativo da Câmara Municipal de Braga com o objetivo de concretizar o seu restauro. Criou-se uma onda de unidade em torno de um elemento do património musical que foi, na altura, insensivelmente refreada. Não se verificou a necessária anuência da tutela, a DRCN, e o processo não avançou. Já passaram quatro anos e permanece a desaprazível situação de um aparente e doloroso abandono.
Na tertúlia, comentou-se que, apesar das tentativas de envolvimento da população local com o mosteiro, se verifica o seu afastamento e divórcio. Talvez a resposta seja simples: sempre que os tibanenses abraçam uma causa em torno do seu património, estes sentem rejeição das suas ideias sem uma cabal e por vezes prudente justificação. Se pensarmos com algum cuidado, o cemitério, a torre sineira e o órgão são exemplos de elementos essenciais que fazem parte do quotidiano da comunidade e que não deveriam ser menosprezados.
Estes cursos e mesas redondas mostraram-se extremamente úteis por ocasionarem uma benéfica reflexão e confronto de ideias. A última parte do Conhecer o Mosteiro de Tibães foi mais além, possibilitando desfazer alguns mitos e erros sobre a venda pública dos bens do mosteiro. Todos ficamos a ganhar com a sempre desejada clarificação de conhecimentos.

Sócio do GAMT nº 2


Paulo Oliveira - A extinção do Mosteiro de Tibães

Aurélio de Oliveira - A Desamortização em Portugal

José Carlos Peixoto - Prática religiosa e social

Aida Mata - Monteiro's, Marques's e companhias

A mesa redonda

Assembleia atenta

Participação do público








Chafariz no jardim de S. João


O final do curso e a pausa para café

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