Lembrando Percursos Beneditinos GAMT - Felgueiras

Terminada uma série de três percursos beneditinos denominados São Bento em Braga, concretizámos, no dia 3 de Junho de 2017, o nosso 16ª Percurso, desta vez a terras do Vale do Sousa.
Mosteiro de Sta Maria de Pombeiro
Continuando na vereda da reminiscência beneditina, fomos ao Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, um dos mosteiros da congregação beneditina portuguesa, fundado ou refundado em finais do século XI, que em 1112 recebeu Carta de Couto de D. Teresa.
Acercados do cenóbio, e num primeiro olhar, ficou-se logo com a sensação de que terá sido um dos maiores e imponentes mosteiros beneditinos do Entre-Douro-e-Minho.
Reunido o grupo de jornada no átrio da abadia, uma trintena de participantes, número conveniente para visitas orientadas, dirigimos o olhar para a igreja românica que foi sendo alterada ao longo dos tempos e onde na fachada se construíram duas torres maneiristas em meados do séc. XVI.
Entrados no templo, admirámos o seu interior bem iluminado (altares com os seus retábulos, púlpitos, varandins, coro-alto, sacrários, sanefas, molduras) que, na segunda metade do séc. XVIII, recebeu excelente talha rococó altamente desenhada por Fr. José de S.º António Vilaça, que aí viveu largos anos e cujo retábulo-mor ele próprio considerava “a sua melhor obra”.
Retábulo-mor da Igreja
Para além das pinturas marmoreadas, foi também interessante poder apreciar, pelo avesso, o processo criativo do retábulo do altar-mor, como a qualidade da madeira utilizada, o tamanho das peças, a forma como se encaixam, tratando-se de um verdadeiro puzzle construtivo.
Passámos pela resplandecente e bem preservada sacristia com os seus arcazes e paredes harmoniosamente decoradas com quadros representando cenas bíblicas.
 Subindo umas escadas graníticas, ascendemos ao piso superior e entrámos no espaço da livraria onde pudemos admirar um teto cuidadosamente decorado e as ainda bem conservadas estantes, em cujos espaços, alfabeticamente ordenados, os monges arrumavam os seus apreciados livros, reveladores do seu extraordinário poder cultural.
Cortámos pela ala conventual que dá acesso ao surpreendente coro alto, onde nos esperava um pequeno momento musical de manutenção do formoso órgão de tubos recentemente restaurado. Foi mais um toque peculiar nesta visita guiada.
Coro alto e Órgão de tubos
Incendiado pelas tropas francesas, o mosteiro foi reconstruído, destacando-se a surpreendente obra neoclássica do claustro (de que nos resta apenas a ala norte), modelo sem paralelo nos espaços monásticos do norte do país. Extinto em 1834, passou por trágicos momentos em uso privado, assinalando-se no entanto, os esforços de recuperação do Monumento, em que sobressai, sem dúvida, o excelente trabalho de recuperação da igreja e ala norte do Mosteiro, hoje sob tutela da DRCN.
De saída, passamos então pelo inesperado claustro neoclássico, já com a reprodução do enorme chafariz existente em tempos no local, e visitámos a bem conservada sala do recibo.
O tempo corria velozmente, já pouco faltava para o meio-dia, encaminhámo-nos para a Capela de Santa Quitéria, construída na primeira metade do século XVIII, no cimo do antigo monte Colombino, pelos cenobitas beneditinos de Pombeiro, onde fomos recebidos pela Confraria do Imaculado Coração de Maria e Santa Quitéria.
Enquadrada num santuário bem cuidado, a pequena igreja de formato oitavado contém na frontaria a torre central, de três andares. No interior, destacam-se os retábulos de estilo nacional com destaque da estátua jazente e altar com a mártir Santa Quitéria e as suas oito irmãs.
Continuando a nossa ronda, orientada por um jovem guia afável e extremamente competente, visitámos ainda um pequeno museu situado nas traseiras da capela.
A hora do almoço já tardava e no espaço da esplanada de um bar nas imediações do recinto ajardinado da capela, partilhámos um saboroso e suculento farnel com iguarias preparadas por cada um dos participantes.
De corpo ressarcido das suas energias e cumprindo a dimensão multidisciplinar dos percursos, partimos para a última etapa do programa com a visita à Fábrica de Pão-de-ló de Margaride, uma das joias da nossa doçaria, fundada em 1730 e fornecedora, desde 1888, da "Real e Ducal Casa de Bragança".
Depois de uma cuidada orientação por parte de um guia empenhado e interativo, com uma detalhada explanação do método e segredos de fabrico do célebre pão-de-ló, terminámos a visita com uma deliciosa prova de doces.

Sócio do GAMT nº 2


Claustro neoclássico
Sacristia
Sala do recibo
Tecto da Livraria
Farnel