Pretendeu-se, com esta série de
visitas, continuar a descoberta de alguns fragmentos do espólio do Mosteiro de Tibães
que, com a dissolução das ordens religiosas masculinas ocorrida em 1834, se
encontram dispersos pela cidade de Braga. Ao longo de sua existência, o Mosteiro
reuniu o maior e mais precioso espólio da região, desde a pintura, a escultura
e a arte sacra, a uma vasta coletânea de livros sobre variados temas.
Museu Pio XII |
Pelas dez horas, começámos pelo Museu
Pio XII que recentemente renovou a sua exposição permanente com peças dos
vários períodos da pré-história. Aqui, o arqueólogo Luís Fontes, sócio do GAMT,
enriqueceu a visita com o seu singular saber mostrando-nos as peças e orientando-nos
na descoberta de pormenores da vida dos povos dessa época. Tivemos mesmo a
oportunidade de conhecer diversos capitéis coríntios oriundos de Tibães
Mas, para além da arqueologia, o museu
dispõe também de um vasto espólio noutras áreas como a pintura e a escultura.
Foi nesta área, na escultura, que encontrámos um leão rompante, fragmento de um
brasão beneditino, e duas imagens dos vultos de S. Bento e S. Bernardo em
madeira dourada e policromada, dadas como oriundas do Mosteiro de Tibães. Por gentileza
da direção do museu, vimos também azulejos avulsos retirados do mosteiro.
Crê-se que, para além de um marco do Couto (Estrada Velha), nas reservas deste
museu haverá outros elementos retirados do período de abandono da abadia
beneditina.
Tivemos ainda oportunidade de conhecer
parte significativa da obra de Henrique Medina, um dos grandes artistas
retratistas do séc. XX.
Igreja de S. Marcos |
Porém, como tempo já escasseava,
dirigimo-nos para a Igreja do Hospital de São Marcos, construída no século
XVIII sob projeto do arquiteto Carlos Amarante e propriedade da Santa Casa da
Misericórdia de Braga.
Recebidos na igreja pelo representante
da Misericórdia, José de Sousa Ribeiro, que nos fez uma breve introdução geral
sobre a igreja e instituição, detivemo-nos em detalhes, como o túmulo de S.
Marcos, orientados pelo Eduardo Oliveira e Aida Mata, fazendo um turno pela
igreja e sacristia.
Mas o pormenor principal encontrava-se
no coro alto aonde subimos. Trata-se do órgão de tubos, em bom estado de
conservação, construído perto do fim do século XVIII, pelo organeiro Manuel de
Sá Couto, da Lagoncinha que, segundo especialistas, terá vindo do coro baixo da
Igreja do Mosteiro de Tibães. Argumenta-se que, por exemplo, as suas dimensões
correspondem ao espaço outrora ocupado. Nesta questão, o historiador Paulo
Oliveira acha-se convicto de tal facto.
S. Bentinho do Hospital |
Concluímos o nosso périplo na capelinha
de São Bentinho do Hospital para falar do culto. Esta pequena capela é um local de uma grande
devoção popular. De entre o numeroso público participante na visita (45
pessoas!), muitos recordaram a música cantada por quem vem em romaria, à
quinta-feira, a esta capela em que há uma pessoa que dita o verso e depois
todos os outros o repetem enquanto vão andando.
Citando alguns versos:
Oh meu São Bentinho
De trás do hospital, (bis)
Tu deste saúde
A quem estava mal. (bis)
|
A quem estava mal
E aos outros também, (bis)
Oh meu São Bentinho
Para sempre ámen. (bis)
|
Assinalamos o nosso muito obrigado aos guias que estiveram connosco, o arqueólogo Luís Fontes e os historiadores Eduardo Pires de Oliveira e Paulo Oliveira que nos agarraram com o seu saber e nos deram a conhecer mais espólio disperso do Mosteiro de Tibães. Uma visita guiada por especialistas é um privilégio, sem dúvida, tornando-a muito mais agradável e enriquecedora.
Pia baptismal Mosteiro de Tibães |
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