Lembrando Percursos Beneditinos GAMT - Alto Minho

No dia 26 de Julho de 2014, ocorreu o quarto percurso beneditino. Reunimo-nos para visitar os mosteiros de Ganfei e de Sanfins de Friestas no concelho de Valença, espaços edificados por monges beneditinos no século XI, e conhecer o culto popular de São Bento de Passos na freguesia de Cerdal, em Valença, cuja festa se realiza no terceiro domingo de Julho.
Eram nove horas da manhã de um lindo dia de verão, quando abalámos do Mosteiro de Tibães em direção ao Alto Minho.
Começámos o circuito pela freguesia valenciana de Cerdal, capela de São Bento de Passos e terreiro de São Bento da Lagoa. Ali, ouvimos falar da tradicional e secular Feira dos Santos, um dos seus
Capela de São Bento de Passos
maiores momentos de interesse, documentada já nas Memórias Paroquiais de 1758, que todos os anos tem lugar entre 1 e 2 de Novembro e que atrai milhares de visitantes portugueses e galegos. Estacionados no largo da feira, encaminhamo-nos para a capela onde nos esperava o pároco, anfitrião comunicativo e bem informado, para nos falar da devoção a S. Bento e das vivências em seu redor.
Antes de abandonar o local e a conselho do pároco, decidiu-se arranjar um tempinho extra para visitarmos a linda igreja matriz de Cerdal onde pudemos apreciar uma invulgar imagem de roca de S. Bento que é vestida com trajes de tecido.
Pelo meio-dia, seguindo a rota beneditina, dirigimo-nos para o Mosteiro de Ganfei, cujo nome deriva do patrocinador da sua reconstrução no
Mosteiro de Ganfei
século XI, um cavaleiro francês que se tornou santo. Situado no termo da cidade de Valença, na margem esquerda do rio Minho, dista do centro cerca de 5 Km. Começámos por avistar a cerca, com horta e pomar, com a proeminência do edifício monástico. Visitámos a igreja, construção constituída por uma igreja românica de três naves, que serve de Matriz à freguesia, e dependências ligadas ao uso paroquial. Este pequeno complexo terá sido intervencionado pelo antigo IGESPAR, mas revelava já problemas de humidade infiltrada. Infelizmente não tivemos acesso aos edifícios monásticos e à cerca por se encontrarem em uso privado e com acesso vedado ao público.

Deram as treze badaladas e encaminhamo-nos para o Monte de Faro para realizarmos a pausa do piquenique no seu bonito e fresco parque de merendas. É um dos miradouros mais privilegiados do Alto Minho com uma vista que abrange todo o vale do rio Minho, desde Valença a Caminha. O farnel, da responsabilidade de cada participante, proporcionou um saudável e alegre convívio entre todos. Sobrou tempo para tomar um café no restaurante da estalagem existente no local e fazermos uma vista à capela barroca de Nossa Senhora de Faro.
Tínhamos ainda a visitar o Mosteiro beneditino de Sanfins de Friestas, um dos monumentos mais importantes de Valença. Lá prosseguimos pelo vale do Minho e chegámos ao lugar de Friestas.
Igreja do Mosteiro de Sanfins de Friestas

Subindo um pouco, encontrámos as ruínas do cenóbio envolvido por uma mata de carvalhos, a cerca de 200 metros de altitude, de onde se pode desfrutar de vistas sobre o vale do rio Minho. 
No meio da vegetação espontânea e ruínas conventuais algo confrangedoras, ressalta a igreja românica relativamente bem conservada, sobre plataforma acedida por escadaria.
O templo tem planta disposta longitudinalmente, com nave única e cabeceira em dois tramos, sendo um retangular e o outro em semicírculo. A cobertura é feita por telhados diferenciados de uma e duas águas. Coroando as fachadas laterais e as do tramo retangular da cabeceira corre uma cornija sobre cachorrada onde predominam cabeças humanas e de animais.
Na abside em semicírculo, que constitui o outro tramo da cabeceira, a cornija é sustentada por cachorrada do mesmo tipo da anterior e por quatro colunas adossadas cujos capitéis apresentam uma decoração muito densa em folhagens e corpos humanos. Três frestas inseridas por arcos de volta inteira assentes em colunelos com capitéis decorados permitem a iluminação do interior da cabeceira.
Depois de voltearmos pelas ruínas, imaginando a vida monacal no espaço visitado, começámos a reunir, pois já se aproximava a hora de regresso.
Tornámos ao ponto de partida, satisfeitos por mais estas excecionais descobertas, agradecendo a disponibilidade e a oportunidade proporcionada pelos nossos guias que, de forma voluntária e gratuita, nos têm proporcionado estes grandes momentos.

Sócio do GAMT nº 2


Interior da capela de São Bento de Passos

Igreja românica de Ganfei

Interior da Igreja do Mosteiro de Sanfins de Friestas


Ruínas conventuais de Sanfins de Friestas


Piquenique no Monte de Faro


Vista do Monte de Faro