Fr. Cipriano da Cruz 300 anos: Oração e Arte

Na comemoração dos 300 anos do falecimento de Fr. Cipriano da Cruz, faremos no Mosteiro de Tibães (local onde professou e desenvolveu a sua arte aquele grande escultor beneditino), uma abordagem à relação entre o desenvolvimento do barroco, nas suas diversas manifestações artísticas e a liturgia pós-tridentina. A arte como instrumento ao serviço da fé, pois como ficou estabelecido na Sessão XXV do Concílio de Trento, em Dezembro de 1563, “As imagens de Cristo, da Santíssima Virgem e de outros Santos, se devem ter e conservar especialmente nos templos e se lhes deve tributar a devida honra e veneração…”.
Na nota biográfica que dele fez Fr. Marceliano da Ascensão, escreveu então que nasceu em Braga, sem no entanto, lhe assinalar data e local de nascimento. O seu nome era Manuel de Sousa, filho de Pedro Fernandes e de Inês Gonçalves, moradores junto à igreja de S. Miguel-o-Anjotendo recebido hábito de donato ou leigo do abade geral Fr. Cipriano de Mendonça em 3 de Maio de 1676. Nesta data era já “consumado immaginario” e pretendido por outras Ordens Religiosas, nomeadamente pelos cistercienses do mosteiro de Alcobaça. Preferiu o hábito beneditino, e sendo reconhecido como bom artista, deveria a sua idade andar então pelos 25 anos. Assim, o seu nascimento deverá ter ocorrido pelos anos de 1650. Diz-nos também Fr. Marceliano de Araújo, “que o nosso escultor “para outros Mosteiros fez também imagens”, além das que realizou para Tibães e São Bento de Coimbra”. Há outras obras ainda, nomeadamente em Coimbra, de sua autoria e também fora das Ordens Religiosas.
Nos anos 90 do séc. XVII trabalhou em Coimbra, onde realizou diversas esculturas para o Mosteiro de São Bento e não só, pois na capela da Universidade existe uma imagem de S.ª Catarina que Fr. Cipriano da Cruz executou pelo preço de 12$000 réis, conforme o mesmo escreveu num recibo datado de 28 de Julho de 1691.
Viria a falecer em 11 de Fevereiro de 1716 no Mosteiro de Tibães, tendo sido sepultado no Claustro do Cemitério: Acabou a vida em 11 de fevereiro de 1716 neste Mosteiro de Tibães em cujo claustro esta sepultado, sendo que os effeitos do seo oficio lhe levantão tantas estatuas no templo da fama quantas são as figuras que fes.
                                        (Fr. Marceliano de Ascensão) 
Em 12 de Fevereiro de 2016, 300 anos após a sua morte, prestamos-lhe a devida homenagem. (Mosteiro de Tibaes, às 21h30)

   Paulo Oliveira

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