Il Cammino di San Benedetto – Norcia, Subiaco, Montecassino (e Roma) - 24–28.mai.2024

Na sequência de visitas anteriores a mosteiros beneditinos quer no norte e centro de Portugal quer na Galiza, o GAMT – Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães (Mosteiro de Tibães/Braga: casa-mãe dos beneditinos portugueses) - inseriu na sua agenda de 2024 o 39º percurso beneditino, numa viagem a Itália ao Il Cammino di San Benedetto.


Chegados a Fiumicino (Roma) por via aérea, dirigimo-nos para Spoleto (património mundial da Unesco), comuna da Província de Perúgia, na região da Úmbria, onde nos instalamos para a pernoita. Após o jantar deslocamo-nos ao velhíssimo centro urbano através da Via Monterone, passando pelo Arco di Druso e Germanico e Porta Romana (séc. III a.C.), visitando a Piazza del Mercato com seu antigo Forum (monumentale Piazza del Foro), subimos por junto à Piazza del Municipio e descemos à Piazza del Duomo. No regresso descemos ao subsolo, por elevador/escadaria (profunda) para observar uma das três vias urbanas de Mobilità Alternativa, uma via pedonal subterrânea que liga a Piazza Mereti à Piazza Campello.


No dia seguinte dirigimo-nos para Norcia (Núrcia), um célebre vilarejo cercado pela beleza do Parco Nazionale dei Monti Sibillini, desta mesma província de Perúgia. Atribui-se ao local ocupado pela igreja dedicada ao santo o sítio onde nasceu S. Bento, fundador da Ordem dos Beneditinos, e de sua irmã gémea Escolástica. Daí o destaque urbano para a Piazza San Benedetto, com a estátua do santo no meio e rodeada pelo Pallazo Comunale, Basílica de San Benedetto, catedral de Santa Maria Argentea, Fortaleza Castelina, Museu Cívico e Diocesano, parte deles com andaimes de obras de restauro em resultado dos desmoronamentos provocados pelo impactante terramoto de 2016. Percorremos a rua principal com seu comércio tradicional dedicado ao santo e aos mosteiros beneditinos, mas também às famosas linguiças, presuntos e salames, tidos como dos melhores (de que a Antica Norceria Fratelli Ansuini, com suas cabeças de javalis e porcos expostos na parede exterior, se destaca); esta tradição de norceria poderá ter resultado da convivência secular com a antiga escola de cirurgia local beneditina. Cruzamo-nos com numerosos religiosos e religiosas, de diferentes nacionalidades, que também visitavam aqueles espaços naquela manhã do nosso segundo dia.

Seguimos para Assisi / Assis, cidade mágica de S. Francisco, cercada por muralhas medievais espalhadas pela encosta do Monte Subasio. Percorremos suas ruas estreitas com casas de outros tempos, coloridas e floridas. Visitamos as Basílicas de S. Francisco (com seu túmulo) e de Santa Clara por entre muitos habituais forasteiros neste local (em viagem de outro grupo e por outra itinerância havíamos visitado esta cidade e basílicas em 2017).


Voltamos a Spoleto para pernoitar e no dia seguinte (terceiro) partimos para Subiaco. Iniciamos a manhã com visita (sempre visitas guiadas) ao Mosteiro de Santa Escolástica, um dos catorze mosteiros fundados por São Bento durante a sua peregrinação. É o mais antigo mosteiro beneditino da Itália e do Mundo, fundado no séc. VI, nas redondezas das ruínas da Villa de Nerone e o único que restou dos doze fundados por São Bento, próximos de Subiaco.


De seguida subimos este Monte Taleo, para visita ao Mosteiro construído no local do Sacro Speco (a Caverna Sagrada), na famosa e impressionante vertente rochosa daquele Monte. Dizem os textos que foi no Sacro Speco (séc. VI) que Benedetto se refugiou, viveu em solidão e em oração durante cerca de três anos, sobrevivendo com alimentos que lhe faziam chegar através de um cesto e corda. O Mosteiro foi construído a partir do séc. XI em torno da gruta, para a proteger e preservar. Este santuário é composto por duas igrejas sobrepostas, a do convento e a da gruta, que é o centro de tudo. A gruta permaneceu ao natural até ao séc. XVII, tendo-lhe sido inserida uma estátua representando São Bento, realizada por um dos alunos do grande Bernini, Antonio Raggi (1657). A igreja inferior é revestida a afrescos representado cenas da vida de S. Bento, a escada santa, o roseiral com seus espinhos com os quais quer S. Bento quer mais tarde S. Francisco resistiam a suas tentações. A igreja superior com seus afrescos do séc. XIII destaca “o mais antigo e único retrato de São Francisco de Assis” (realizado em 1223, ainda sem estigmas), bem como anjos serafins alados e, mais tarde, de outros relativos a milagres de S. Bento.

Seguimos para Fiuggi, para alojamento e pernoita.

No dia seguinte (quarto) partimos para Cassino, visitando a Abadia de Montecassino, tido por berço da ordem beneditina.  Esta colina rochosa ficou conhecida mais por sua abadia, a 1ª casa da Ordem Beneditina, fundada por S. Bento em 529. Foi para esta comunidade que a Regra, de “Ora et Labora”, foi escrita. Nos séculos seguintes a abadia passou por diversas vicissitudes de saqueamento (lombardos-570, sarracenos-883, tropas francesas-1799), de destruição - terramoto de 1349 - e de bombardeamento pelos Aliados em 1944 (nas imediações e encosta da Abadia são impressionantes os cemitérios de guerra que evocam a morte de 30 000 soldados desta última!). Usufruiu de uma época de ouro nos sécs. XI e XII com a aquisição de grande território e fortificações acasteladas. Após a 2º Grande Guerra foi reconstruída pelo Estado Italiano, que lhe pertence e gere atualmente, tendo o seu antigo território sido transferido para a diocese de Sora-Cassino-Aquino-Pontecorvo, exceto o terreno onde se situam a igreja da abadia e o mosteiro e sem a antiga jurisdição sobre as mais de cinco dezenas de paróquias que lhe pertenciam.


A tarde e a noite deste quarto dia e a manhã do 5º dia  foram de visita a património cultural, artístico e arquitetónico da velha capital do Império Romano e “Cidade Eterna”, por fontes, igrejas, catedrais, palácios, praças, obeliscos e avenidas, assim: a Fontana dei Quattro Fumi e o Panteão na Piazza Navona, Fonte de Trevi, igreja de Santa Maria della Vitoria (êxtase de Santa Teresa e a famosa escultura de Bernini), igreja de Sant’Ignazio di Loyola (que representa a exaltação da atividade apostólica  da Companhia de Jesus em todo o Mundo), igreja de San Luigi dei Francesi (igreja nacional de França em Roma e famosa pelo imenso recheio de obras-primas de grandes artistas - Caravaggio, Domenichino e Guido Reni), Basilica di Santa Prassede (em especial por suas relíquias e um retrato feito por Bernini na sua juventude), e igreja de Santo António dos Portugueses (Sant’Antonio dei Portoghesi) localizada na Rua dos Portugueses, fundada em 1445 no local de um hospício para peregrinos portugueses fundado em 1363, ornamentada com mais de trinta tipos de mármores  com imensa policromia, decorações em talha dourada e beleza de obras pintadas com destaque para santos e beatos portugueses, e com um novo órgão de tubos considerado único em Roma, mostra um pouco do que Portugal é e promove. Fomos recebidos pela simpatia e engajamento de sua “alma mater” Mons. Agostinho Borges, transmontano de Vila Pouca de Aguiar, que faz força para que este espaço e as iniciativas do Instituto Português (IPSA) espicacem a curiosidade de conhecer o nosso país entre os habitantes da capital romana e de quem os visita.


___________________________


Atividade do GAMT (Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães), 2024, com apoio de programa e logística de Pinto Lopes Viagens.

Este grupo de viagem era constituído por trinta pessoas a partir de Braga/Porto.


Texto (baseado no programa de viagem, nas audições dos doutos guias, na observação dos locais, na releitura de fotos, em publicações turísticas e na net) e fotos de


Manuel Duarte


Ver em Silva Manuel