42º Percurso Beneditino - "Tarouca - Ucanha - Salzedas", 20.set.2025

 1ª Visita - Mosteiro de S. João de Tarouca (Lamego)


Iniciamos a visita pela igreja do mosteiro. De acordo com as informações disponíveis no local,  as origens desta igreja remontam a 1152 e a sua sagração deu-se em 1169 com D. João Peculiar, arcebispo de Braga, e pelos bispos de Lamego, Porto e Viseu – estávamos nos primórdios da nacionalidade portuguesa e ainda dentro do período de espera do reconhecimento papal. 

“Possui uma arquitetura de base românica e gótica, embora se notem progressivas alterações feitas ao longo dos tempos, principalmente ao nível da fachada”. “O interior da igreja é deslumbrante (…) a qualidade do altar-mor Barroco e dos demais (…), o soberbo cadeiral com sessenta lugares, o órgão de tubos e os quatro painéis de azulejos com cenas alusivas à Ordem de Cister. Do restante núcleo museológico (…) a magnífica escultura em granito policromado da Virgem Maria com o Menino, o túmulo do Conde D. Pedro, filho bastardo de D. Dinis e o espólio que ornamenta a sacristia (pintura a óleo com a vida de S. Bernardo, tem com pintura mural, paredes embelezadas por azulejos, um relicário e um contador.”

No antigo celeiro monástico – Casa da Tulha – funciona o Centro Interpretativo do sítio, justificando a procura de quem visita a região do Douro e do Varosa.

O Mosteiro terá sido o primeiro mosteiro da Ordem de Cister em Portugal, mas dele restam ruínas, “que nos permitem apreciar o antigo sistema hidráulico e algumas edificações, de que são exemplos a casa da tulha, o moinho e três capelas: Santa Catarina, Santo António e Santa Umbelina.”

O complexo está classificado, justamente, como Monumento Nacional.

Quem demanda trilhos e cultiva o gosto e o usufruto da natureza, dispõe do GR 64 – o Caminho dos Monges. “É o 1º percurso pedestre da Grande Rota associado diretamente aos núcleos arquitetónicos da Ordem Monástica de Cister, estando implementado no coração dos territórios vinhateiros do Douro e do


Vale Távora-Varosa. Este corredor verde estende-se ao longo do Rio Varosa (afluente do Rio Douro) e percorre os municípios de Tarouca e Lamego. (…) o último troço (…) o Caminho dos Monges percorre os terrenos sobranceiros à margem esquerda do rio Douro, onde, a partir do ano de 1142 os Monges de Cister plantaram os primeiros vinhedos junto à foz do rio Varosa. Trata-se da primeira quinta do Douro, hoje Casa de Varais, a produzir o chamado ‘vinho cheirante de Lamego’, atualmente denominado Vinho do Porto.”

Dados técnicos do percurso:

Cotas: 584 m no início em Tarouca e 75 m no final (Pontão/rio Douro) 

1134 m acumulado positivo

41 km de distância

Linear

Cerca de 12 h.

Dificuldade: moderado


Texto e fotos de Silva Manuel / Manuel Duarte / Ver em Silva Manuel


2ª Visita - Ponte Fortificada de Ucanha

Estacionamos no parque, lado esquerdo do rio, descemos por entre o casario da povoação em direção à ponte e à torre. Percecionamos o conjunto construído e a área ribeirinha, mas a sala de um restaurante local estava reservada e aguardava-nos. O resultado foi de, não de fartar à abade, mas de deleitar de monge, justamente. 

“Conjunto datado do séc. XII, considerado o ex-libris da freguesia e do concelho, está classificado como Monumento Nacional [desde 1910].
“Ponte fortificada, única em Portugal, testemunha a organização senhorial medieval, numa época em que a economia dominical se baseava na cobrança de direitos e foros. Os dois elementos foram mandados erigir pelo Abade D. Fernando, para proteção da entrada para as chamadas Terras do Mosteiro de Salzedas. Deduz-se que a povoação se tenha desenvolvido devido à obrigatoriedade de passagem na ponte.
“A torre terá sido elevada a partir do momento em que o convento de Salzedas adquiriu os direitos de portagem da mesma. 
“A partir de 1504 a portagem foi extinta e, apesar de o tabuleiro continuar a ser o meio privilegiado de passagem na zona, o monumento, em particular a torre, perdeu grande parte da sua função inicial.
“Na década de 30 do séc. XX, a Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) empreendeu o restauro do conjunto de forma à valorização e preservação deste importante monumento” – lê-se na placa, junto.

A torre, de planta quadrada, tem vinte metros de altura e dez de cada lado da base, dotada ao cimo com quatro mata-cães e na base exterior a seguinte inscrição: “Esta obra mandou fazer D. Fernando, abade de Salzedas, em 1465”.
Num dos seus três pavimentos, como centro interpretativo, está exposta a biografia de um filho dileto desta terra, José Leite de Vasconcelos Cardoso Pereira de Melo (Ucanha: 7/08/1858 – Campolide/Lx: 17/05/1941). Nasceu no seu seio de uma nobre mas arruinada família beirã de tradições fidalgas. Até aos 16 anos viveu num ambiente dominado pela influência de dois importantes mosteiros cistercienses, o de S. João de Tarouca e o de Salzedas, estimulando-lhe nomeadamente o gosto pelos estudos clássicos. Igualmente marcado pelas “agrestes serranias da Beira”, Leite de Vasconcelos congregou em si o melhor de dois mundos: a paixão pela erudição e uma curiosidade insaciável a que se aliava uma enorme dedicação e capacidade de trabalho. A sua condição de beirão modelou-lhe o caráter e configurou-lhe o destino, dando ao jovem José Leite a força e firmeza necessárias para, nas condições adversas da sua família empobrecida, ter a energia que lhe permitiu trabalhar para sustentar a casa e estudar para sustentar o espírito – lê-se na exposição.

“Eu nasci nas agrestes serranias
Da nevoenta, legendária Beira
Lá onde o lobo a uivar consome os dias
E cresce e brilha a rubra flor da urgueira” (JLV)
Ucanha foi vila e sede de concelho (até 1836), integrou o concelho de Mondim da Beira (até 1896), foi anexada ao de Armamar para depois ser transferida para o atual município de Tarouca, agregando-se à freguesia de Gouviães na União de Freguesias de Gouviães e Ucanha – resultado quiçá de sua tendência de evolução populacional negativa. Apesar de fazer parte da Região Demarcada de Távora-Varosa (especializada em vinho espumante) e não da Região Demarcada do Douro, Ucanha faz parte da “Rota das Aldeias Vinhateiras do Douro”.

A agricultura, especialmente a vitivinicultura, é a principal fonte de subsistência, tendo a baga de sabugueiro um peso significativo na economia familiar, de que o pequeno comércio local reflete e harmoniza.


Texto e fotos de Silva Manuel / Manuel Duarte / Ver em Silva Manuel


3ª Visita - Mosteiro de Santa Maria de Salzedas

“O nome Salzedas provém do latim Saliceta, que significa salgueiral, vegetação muito abundante nas margens do rio Varosa, que ali corre. É de povoamento muito antigo e por aqui passaram Lusitanos e Romanos, Suevos e Visigodos e, mais tarde, Muçulmanos. 

“A génese da sua história remonta ao lugar a que hoje se dá o nome de Abadia Velha e a sua povoação cresceu em torno do Convento de Santa Maria de Salzedas.
“O grande ex-libris é o Mosteiro Cisterciense de Santa Maria de Salzedas mandado erigir por D. Teresa Afonso, terceira filha de D. Afonso Henriques e mulher de Egas Moniz, aio do 1º rei.
“De estrutura românica, completamente remodelado no séc. XVIII, a sua igreja foi sagrada no séc. XIII, representa um dos mais ricos e emblemáticos mosteiros de Portugal” – lê-se na placa dirigida ao visitante do monumento.
“Mosteiro de raiz medieval, composto por igreja, sacristia, claustros e residência paroquial. Assenta no meio do casario que se formou em seu redor, a sua importância está marcada por vários estilos decorativos, desde o românico até ao Barroco, que foi acumulando ao longo dos séculos.
“Os inícios da sua construção datam de meados do séc. XII. No entanto foi sujeito a diversas campanhas de obras ao longo dos séculos, sobretudo no tempo de D. João III. Contudo, nos inícios do séc. XVII e XVIII, o conjunto foi objeto da mais profunda remodelação, da qual resultou a atual fachada da igreja, a reforma estilística do seu interior e a reconstrução dos claustros. Como consequência (…) apenas é possível visualizar uma pequena capela absidal localizada no braço norte do transepto.”

Tal como em S. João de Tarouca, estamos perante um núcleo religioso masculino que remonta igualmente às raízes da nacionalidade:
. construção do mosteiro (anos): 1155; da igreja: 1168; sagração da igreja e conclusão da construção do complexo: 1225. Noutro registo local lê-se que a construção do mosteiro se inicia em janeiro de 1168 (com o patrocínio de Teresa Afonso, segunda esposa de Egas Moniz).
O couto inicial, também doado por Teresa Afonso, designava-se de Argeriz, sendo mais tarde denominado de Salzeda e, posteriormente, de Salzedas. 
Chegou a ser um dos mais ricos mosteiros portugueses, detentor de uma biblioteca notável.
E continuamos a ver, a ouvir, a ler e a registar:
Igreja de três naves de dimensões descomunais; fachada setecentista inacabada; retábulo de estilo neoclássico; barroco de estilo nacional; duas telas atribuídas a Vasco Fernandes (Grão Vasco); dois túmulos medievais.
“Graças às recentes intervenções do Ministério da Cultura, podemos apreciar toda a sua evolução arquitetural, desde os arcos quebrados e colunas medievais até às últimas remodelações executadas na Idade Moderna.” 
Em frente à igreja do mosteiro situa-se o Bairro do Quelho – antiga judiaria, que corresponde ao primitivo aglomerado urbano gerado em redor do mosteiro medieval: conjunto maioritariamente habitacional, com marcas de ruralidade evidenciadas por alguns pisos térreos com a função de curro para animais, sobrepostos pelos pisos residenciais, espaço público muito reduzido e ruas apertadas e sinuosas.
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A Ordem Cisterciense foi fundada em França (Citeaux/Borgonha) em 1098 por monges saídos do mosteiro cluniacense de Molesme, liderados por Roberto de Champanhe (abade de  Molesme), sendo um dos principais impulsionadores Estêvão de Harding, abade entre 1109 e 1123 e promotor da “Carta da Caridade” – documento em que figuram as primeiras regras da Ordem, bem como a noção de conversos e as ideias base da exploração agrícola cisterciense.
Bernardo de Claraval, abade entre 1120 e 1158, foi uma das figuras centrais da Ordem, exercendo um forte poder religioso e político. 
Deu-se uma enorme expansão da Ordem pela Europa, traduzida na fundação de centenas de mosteiros, tendo como um dos seus pilares base a existência de uma abadia mãe que conduz as abadias congéneres a uma boa prática monacal.
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Para quem cultiva o caminhar, para além do GR 64 (Caminho dos Monges) que por aqui passa, um outro cartaz a anunciar o Trilho de S. Pedro (Salzedas).
Ponto de partida junto ao mosteiro (Salzedas), encontrando-se a capela de S. Pedro (local de culto) a meia distância.
Distância do trilho: 2,78 km
Caraterística: circular
Duração: cerca de 40 minutos
Altitude mín. e máx.: 512 – 603 m
. Um pequeno cartaz a anunciar as Festas de S. Miguel, em Tarouca, entre os dias 19 e 29 de 2025
. Um outro a informar de um Encontro de Antigos Alunos da Escola Primária de Salzedas, com convívio, jogos e brincadeiras de antigamente e cantares da Associação Cultural de Salzedas – no de 5 de outubro de 2025.
. Do outro lado da rua deste largo do mosteiro e esquina para o Bairro do Quelho, num bom edifício em altura e pedra aparelhada, a memória esbatida de que ali, no rés-do-chão, houve comércio de Mercearia e Louças.

Organização da viagem e das visitas guiadas: GAMT – Direção do Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães (Braga)
Texto e fotos de Silva Manuel / Manuel Duarte / Ver em Silva Manuel


Fotos 1ª Visita
















Fotos 2ª Visita













Fotos 3ª Visita




















Ao Encontro de Patrimónios - Por terras da Galiza, 14.jun.2025

1ª Visita

Inserido no seu plano de atividades para 2025, realizou-se a viagem de visita ao conjunto de Santa Mariña de Augas Santas, ao Mosteiro de Xunqueira de Ambía e ao casco histórico de Allariz e sua igreja barroca de San Benito.
Por motivos de alteração de disponibilidade, o programa da tarde foi antecipado para a manhã e o da manhã para a tarde.
Desse jeito iniciamos pelo casco histórico de Allariz. Aparcamos junto à panorâmica Ponte Vilanova, românica/medieval, e, com a igreja de Santa Maria (de Vilanova) no percurso imediato (uma das quatro igrejas locais de origem românica), nosso escopo tinha começado.

Continuamos subindo a par do rio Arnoia, observamos do exterior a igreja de Santiago Apóstolo, de Allariz, românica (séc. XII, Ordem de Malta), com sua altiva torre sineira, fachada e retábulo barrocos (séc. XVIII), “Praza Maior” e “Casa do Concello” e depressa nos encontrávamos junto ao complexo escultórico do Boi, icónico, e de histórias antanhas da colónia judia extramuros, rua de Entreascercas. Foi do confronto entre judeus e cristãos em contexto de procissão do “Corpus Christi”, em 1317, que surgiu esta tradição festiva, a mais enraizada de Allariz – o “Boi de Corpus” - que leva setecentos anos de vida comunitária. E, continuando por pisos lajeados, ladeamos partes da antiga muralha, e eis que nos encontrávamos no Campo da Barreira onde decorria uma feira e já com algum alvoroço da “Festa do Boi 25”, início aprazado para a tarde deste sábado, dia 14, e que se prolongará até ao dia 22. Por entre tendas de roupas

e de ferramentas à venda, visitamos a igreja San Bieito/Benito (séc. XVIII/XIX, em local de anterior capela do séc. XIII), patrono da Vila e Sé desde 1900, apreciamos seus dois “hermosos cruceiros” na sua frente e o exterior do imponente convento das Clarissas e museu de arte sacra. Os cruzeiros datam de 1579 e constituem a parte dos quatro da vila que foram erigidos para esconjurar epidemias da peste, tendo sido trasladados, os dois deste Campo da Barreira, das igrejas de San Pedro e de Santo Estevo (Estêvão) em 1827.
Retornamos, descendo, com passagens pelos “Museo da Moda” e “Museo Galego do Xoguete” (brinquedo), e sempre perante construções antigas com varandas proeminentes em madeira, floridas umas tantas, de retábulos, de abundantes declarações de tabernas e do comércio às famosas festas em curso, de alertas para o “Xa cheira a boi!” e para os locais assinalados de saídas do animal, de fotos ampliadas de um trabalho cinematográfico local efetuado. Chegamos novamente aos largos espaços verdes urbanos do Arnoia, percorrendo-os, para retomar viagem de outra visita.
Sem esquecer que Allariz teve origem a partir de um castro local sobre o rio Arnoia e era local cruzado por caminhos estratégicos. Seu topónimo remonta ao séc VI, comarca da Vila Aliaricii do período suevo. Afonso VI (séc. XI) fez levantar o castelo e muralhas. Afonso VII (1154) concede-lhe foral real e converte-a em Vila. Sancho IV concede-lhe mais importância apelidando-a de “Chave do Reino da Galiza”. Aqui viveu e foi educado Afonso X, o Sábio. No séc. XV Allariz teve participação nas revoltas “Irmandiñas”. Guerras com Portugal que continuam no séc. XVIII. Ocupada por tropas napoleónicas nos inícios do séc. XIX. Desmantelamento do Castelo e parte das muralhas nesse século. Vive momentos de prosperidade cerca de 1900, mas de decadência económica e demográfica entretanto. Declarada “Conjunto Histórico Artístico” em 1971, e "Prémio Europeu de Urbanismo".
Um "Museo do Coiro" nas antigas instalações da fábrica de curtumes "família Nogueiras" nesta área ribeirinha do Arnoia. Com hortas ecológicas e de compostagem comunitária. Com ajudas europeias para a execução de seu Plano de Recuperação, Transformação e Resiliência na gestão de reservas da biosfera. Notabiliza-se igualmente com os seus concursos anuais de jardins, tal como a nossa histórica e pioneira Ponte de Lima.

Texto e fotos de Silva Manuel / Manuel Duarte / Ver em Silva Manuel

2ª Visita

Xunqueira de Ambía, igualmente na província de Orense, é um município que se situa no sudeste, comarca de Allariz-Maceda. Seu povoado, a cerca de 534 m sobre o nível do mar, tem o mesmo rio Arnoia a seus pés.
Vestígios de presença humana remontam ao Megalítico. Da cultura castreja destacam-se os castros de Cerdeira e Medorra. Um miliário testemunha vestígio de uma calçada romana.

Segundo uma tradição local, a Virgem apareceu num juncal (daí o nome da povoação) no séc. IV. A ermida erigida deu lugar ao “Monasterio de Santa María” entre os séc.s VIII a X. A igreja românica é de 1164 e sob a Ordem dos Agostinhos alcança seu maior esplendor. Seus elementos arquitetónicos vão do românico ao barroco. É um templo de três naves, havendo nas laterais um falso trifório, como no “Monasterio de Augas Santas” e de Aciveiro. O claustro, de grande interesse, é de estilo gótico (séc. XVI). Junto, a casa abacial. No interior destaca-se o órgão do séc. XVIII, de construtor santiaguês, cujas caraterísticas de musicalidade e de adequação acústica ao edifício elevam-no a um dos melhores órgãos de Espanha.
Suas festividades:
. Festa em honra de S. Pedro Mártir de Verona;
. Corpus Christi;
. Festa da Virgem da Assunção (padroeira);
. Ciclo de Órgão e Música Antiga com entrada livre (meses de agosto e de setembro);
. Festa da Arroutada em junho (jogos populares, confraternização e animação musical).

Texto e fotos de Silva Manuel / Manuel Duarte / Ver em Silva Manuel

3ª Visita 

Conjunto de “Santa Mariña de Augas Santas”, paróquia de Augas Santas, município de Allariz.
Um local repleto de vestígios do passado: de magia, mistério e lenda. Perto do espaço ocupado pelo santuário situava-se uma povoação galaico-romana – Armea. Olíbrio, prefeito romano, encantou-se, perdidamente de amores, pela órfã pastora Marina. Mas a jovem, recusando-se a abandonar a doutrina cristã, sofreu numerosos martírios. Ao terceira dia já estava recuperada das calamidades sofridas. Torturada de formas diversas (presa, açoitada com peças de ferro, atada e lançada a um poço, salvou-a S. Pedro das incandescências no forno). Por fim foi decapitada e a sua cabeça rolou três vezes, de cujos locais brotaram mananciais de água cristalina. Isto terá ocorrido, segundo afirmam, por volta do ano 139 (d.c.), tendo-se perenizado parte de alegados vestígios: um enterramento megalítico, um possível forno crematório, uma “pileta” (pequena piscina) que não impediram os Templários de ali construir a Basílica de Ascensão. As águas que se retêm nestas pias ou banhos de Santa Maria – a Pioca da Santa –, quiçá um antigo lagar romano, são tidas por milagrosas.

Antes do santuário terá existido um templo anterior (séc. VIII ou IX), no qual se descobriu o sepulcro da santa e sobre o qual se construiu o mausoléu ou camarim da santa, que se situa no interior do santuário. Este é uma igreja românica do séc. XII, constituída por três naves e falso trifório, como nas de Xunqueira e de Aciveiro. Junto a ela se situa o “Pazo de Verán do Bispo” (atual casa paroquial), o tanque da decapitação (reconstruído no séc. XIX) e a suposta primeira das três fontes no interior da capela de São Tomé (um pouco mais abaixo).
Esta igreja, declarada monumento nacional em 1931, está inserida num povoado de interessante arquitetura, o qual (povoado) foi classificado como conjunto histórico na década de 60 (séc. XX).

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Visitas organizadas pelo GAMT – Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães
Texto e fotos de Silva Manuel / Manuel Duarte / Ver em Silva Manuel


Fotos 1ª Visita










Fotos 2ª Visita















Fotos 3ª Visita