Voluntariado GAMT na vigilância e acolhimento aos visitantes no Mosteiro de S. Martinho de Tibães - julho, agosto, setembro de 2024

Orgulhosos dos nossos Amigos voluntários, apresentamos uma cuidada reflexão da autoria da sócia nº 93, Graça Santos, e registamos os gentis agradecimentos endereçados pela Equipa Educativa do Mosteiro.

Sentimo-nos satisfeitos por colaborar e sentir que estamos a cumprir uma das nossas missões!


O Conselho Diretor do GAMT



"Mosteiro de Tibães - Agradecimento Voluntariado 2024

Terminou em meados de setembro passado mais um programa de Voluntariado do GAMT.
Ao longo dos meses de julho, agosto e setembro, foram muitos os sócios do GAMT que, ao longo de vários dias, ajudaram o Mosteiro de Tibães, pondo em prática as suas competências e conhecimentos, alguns deles adquiridos nas duas sessões de formação realizadas anteriormente no (e sobre) o Mosteiro.
 
Voluntariamente assumiram um nobre compromisso de defender o Património!
Abdicaram do conforto dos seus lares, dos dias que poderiam ter passado com familiares e amigos na praia ou no campo, para poderem ajudar a proteger «o nosso Mosteiro de Tibães».
 
Nestes meses específicos a equipa de vigilantes do MSMT, já de si muito pequena, fica sempre com menos elementos. Este ano ficou ainda mais reduzida, pois um dos nossos colegas teve que ser operado, ficando a recuperar em casa várias semanas.
Foram muitos os dias em que na bilheteira/loja apenas ficou um(a) colega e por isso, ao aceitarem o compromisso de fazer voluntariado, facilitaram muito as nossas tarefas diárias de funcionamento.
Foi sem dúvida alguma uma ajuda preciosa, quer na vigilância dos espaços interiores do mosteiro, quer no acompanhamento e orientação de visitantes, quer na vigilância à cerca, que, nestes meses de verão, está constantemente ameaçada pela possível chegada do fogo.
 
A opinião recolhida junto dos visitantes foi muito positiva, o que nos leva a querer continuar convosco esta iniciativa no próximo ano, caso aceitem, é claro.
 
Em nome do Património Cultural, I.P., do Mosteiro de São Martinho de Tibães e em meu nome pessoal, deixo o meu mais sincero agradecimento a todos quantos nos ajudaram nestes últimos meses.
Foi um gosto enorme poder estar convosco.
Estou/estamos ao vosso dispor.
 
MUITO OBRIGADO A TODAS E A TODOS!

JOAQUIM LOUREIRO
TEODEMIRVS - Tesouros da Herança Cultural Portuguesa – Divisão de Projeto 
MOSTEIRO DE TIBÃES"




"Reflexão sobre Voluntariado no Mosteiro de Tibães

Este verão, de 20 a 22 de Agosto, exerci com muito prazer um Serviço de Voluntariado em Tibães.
Confesso que, ao princípio, achei que me excedi quando me ofereci três dias inteiros e seguidos. Não obstante, o público era tanto, sobretudo à tarde - um número superior a 100/150 pessoas por dia - que me esqueci das reticências postas e acompanhei o melhor que pude as pessoas.
Fi-lo, umas vezes coordenada com outros colegas, quando estávamos escaladas várias pessoas, outras mesmo sozinha. Porém, sempre que era preciso, tinha pronta a ajuda do pessoal técnico, seguranças, secretaria...Todos foram preciosos para que eu pudesse desempenhar bem o voluntariado!

Para além de pequenos aspetos práticos, que entendo poderem ser melhorados e que foram apontados a quem de direito, saliento o seguinte:

- As pessoas, na sua grande maioria, durante a visita, manifestavam o desejo de poderem ser acompanhadas por uma pessoa-guia. Preferiam isso a seguirem, sozinhas, com um mapa - embora seja muito útil na ausência da primeira versão. 
Sugestão: Possibilitar, sempre que possível, uma visita guiada pela manhã outra à tarde, em cada dia (ainda que tenha de ter um preço superior ao ingresso normal);

- Neste período, a maioria dos visitantes que acompanhei eram de língua francesa (lusodescendentes, franceses originais, marroquinos, ...). Mas também muitos portugueses do Sul, espanhóis e outros, de diversas origens, que se expressavam em língua inglesa!
Porém, senti a necessidade de ser criada a versão-papel do guia em espanhol, também. 

- Em alguns, a visita ao Mosteiro, que consideravam excecional, criou a motivação para verem outros monumentos interessantes nesta região (pediam informações sobre isso): o gosto de ver um tão valioso imóvel, com tanta História, fê-los desejarem saber que mais coisas importantes havia na nossa região; 

- Uma grande parte dos visitantes era repetente ou desejava voltar, com mais tempo, com outros amigos/família para ver com calma, desfrutar, ...  
Daí, que sugiro que o bilhete deva valer por um dia, visto que as pessoas podem ter de sair para almoçar e voltar à tarde. Outra oportunidade seria a Hospedaria voltar a ter restaurante ativo...;

- O trabalho de motivação, esclarecimento à partida feito pela pessoa que está na secretaria/recepção é fundamental. Reparei, que no meu período, a pessoa ao serviço fez um excelente trabalho, nesse sentido; 

- Os visitantes ficavam maravilhados por verem quão grande era o Mosteiro, como estava bem conservado e desejavam saber se ainda havia uma congregação de frades a habitá-lo.
Seria interessante voltar a vê-los a circular por lá, não?! Ou inventar uns quadros encenados – recriações históricas - para alguns pontos de maior interesse e compreensão do Mosteiro (parceria com grupos de teatro locais, em momentos especiais, ...?). Um dos pontos de dificuldade na compreensão é a sala da “Tonsura”. (talvez precise de algo mais aquela sala, um pequeno vídeo em permanência?!!!)

- Adoravam escutar a música sacra/conventual (gravada) na zona da Igreja, assim como o silêncio e a mística de todo o espaço.

- Chegados à Sala do Capítulo, as bocas deixavam sair, quase sempre, um “uau”! Maravilhavam-se com a espetacularidade deste espaço! Depois, no hall onde estão os quadros da comparação do Antes e do Depois do restauro, ficavam em dor. A maioria pensava que se deveria ao incêndio. As mentes não queriam crer que fosse o abandono um dos maiores fatores. A seguir, pensavam em como está “Agora” e eram só louvores aos seus autores. 
Eu digo com eles: Parabéns Técnicos, Trabalhadores, GAMT!!!

- Os que se aventuravam na Cerca, saíam maravilhados e com esperança de ver o Escadório e Capela de S. Bento recuperados. Reconheciam (e aplaudiam) a tarefa megalómana para manter cultivadas e cuidadas hortas e jardins...
Sugiro, ainda, a possibilidade de se poder optar por uma visita acompanhada à Cerca (previamente combinada e, quiçá, paga ao Mosteiro ou ao GAMT).

- Também houve alguns visitantes que chamaram a atenção para a degradação de alguns pontos do edifício, onde parece haver entrada de humidade ou onde já seria necessário recuperar o recuperado!

- Em particular, chamou a minha atenção, o cuidado a ter por nós, os voluntários, o acompanhamento/vigilância de grupos numerosos, como as famílias, onde crianças curiosas e irrequietas forçavam tudo o que era porta fechada, proibida de abrir ...

Em conclusão: 
Sinto-me grata por ter tido esta oportunidade; ter sido formada; ter sido questionada pelos visitantes e, posteriormente, esclarecida pelos técnicos...
Ó quanto aprendi!
Até tive o gosto de ver cruzar o Escadório uma pequenina raposa!
O Mosteiro é uma inspiração!
Obrigada a todos.

GRAÇA SANTOS 
Sócia do GAMT n.º 93
Agosto de 2024"









Mosteiro de São Martinho de Tibães - Monumento Nacional

O GAMT regozija-se com a reclassificação do Mosteiro de São Martinho de Tibães, passando de Imóvel de Interesse Público a Monumento Nacional.

Partilhamos a notícia publicada no jornal Diário do Minho, do dia 11 de outubro, onde é anunciado que a Casa-Mãe da ordem beneditina se poderá tornar num grande ativo para Portugal.




Il Cammino di San Benedetto – Norcia, Subiaco, Montecassino (e Roma) - 24–28.mai.2024

Na sequência de visitas anteriores a mosteiros beneditinos quer no norte e centro de Portugal quer na Galiza, o GAMT – Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães (Mosteiro de Tibães/Braga: casa-mãe dos beneditinos portugueses) - inseriu na sua agenda de 2024 o 39º percurso beneditino, numa viagem a Itália ao Il Cammino di San Benedetto.


Chegados a Fiumicino (Roma) por via aérea, dirigimo-nos para Spoleto (património mundial da Unesco), comuna da Província de Perúgia, na região da Úmbria, onde nos instalamos para a pernoita. Após o jantar deslocamo-nos ao velhíssimo centro urbano através da Via Monterone, passando pelo Arco di Druso e Germanico e Porta Romana (séc. III a.C.), visitando a Piazza del Mercato com seu antigo Forum (monumentale Piazza del Foro), subimos por junto à Piazza del Municipio e descemos à Piazza del Duomo. No regresso descemos ao subsolo, por elevador/escadaria (profunda) para observar uma das três vias urbanas de Mobilità Alternativa, uma via pedonal subterrânea que liga a Piazza Mereti à Piazza Campello.


No dia seguinte dirigimo-nos para Norcia (Núrcia), um célebre vilarejo cercado pela beleza do Parco Nazionale dei Monti Sibillini, desta mesma província de Perúgia. Atribui-se ao local ocupado pela igreja dedicada ao santo o sítio onde nasceu S. Bento, fundador da Ordem dos Beneditinos, e de sua irmã gémea Escolástica. Daí o destaque urbano para a Piazza San Benedetto, com a estátua do santo no meio e rodeada pelo Pallazo Comunale, Basílica de San Benedetto, catedral de Santa Maria Argentea, Fortaleza Castelina, Museu Cívico e Diocesano, parte deles com andaimes de obras de restauro em resultado dos desmoronamentos provocados pelo impactante terramoto de 2016. Percorremos a rua principal com seu comércio tradicional dedicado ao santo e aos mosteiros beneditinos, mas também às famosas linguiças, presuntos e salames, tidos como dos melhores (de que a Antica Norceria Fratelli Ansuini, com suas cabeças de javalis e porcos expostos na parede exterior, se destaca); esta tradição de norceria poderá ter resultado da convivência secular com a antiga escola de cirurgia local beneditina. Cruzamo-nos com numerosos religiosos e religiosas, de diferentes nacionalidades, que também visitavam aqueles espaços naquela manhã do nosso segundo dia.

Seguimos para Assisi / Assis, cidade mágica de S. Francisco, cercada por muralhas medievais espalhadas pela encosta do Monte Subasio. Percorremos suas ruas estreitas com casas de outros tempos, coloridas e floridas. Visitamos as Basílicas de S. Francisco (com seu túmulo) e de Santa Clara por entre muitos habituais forasteiros neste local (em viagem de outro grupo e por outra itinerância havíamos visitado esta cidade e basílicas em 2017).


Voltamos a Spoleto para pernoitar e no dia seguinte (terceiro) partimos para Subiaco. Iniciamos a manhã com visita (sempre visitas guiadas) ao Mosteiro de Santa Escolástica, um dos catorze mosteiros fundados por São Bento durante a sua peregrinação. É o mais antigo mosteiro beneditino da Itália e do Mundo, fundado no séc. VI, nas redondezas das ruínas da Villa de Nerone e o único que restou dos doze fundados por São Bento, próximos de Subiaco.


De seguida subimos este Monte Taleo, para visita ao Mosteiro construído no local do Sacro Speco (a Caverna Sagrada), na famosa e impressionante vertente rochosa daquele Monte. Dizem os textos que foi no Sacro Speco (séc. VI) que Benedetto se refugiou, viveu em solidão e em oração durante cerca de três anos, sobrevivendo com alimentos que lhe faziam chegar através de um cesto e corda. O Mosteiro foi construído a partir do séc. XI em torno da gruta, para a proteger e preservar. Este santuário é composto por duas igrejas sobrepostas, a do convento e a da gruta, que é o centro de tudo. A gruta permaneceu ao natural até ao séc. XVII, tendo-lhe sido inserida uma estátua representando São Bento, realizada por um dos alunos do grande Bernini, Antonio Raggi (1657). A igreja inferior é revestida a afrescos representado cenas da vida de S. Bento, a escada santa, o roseiral com seus espinhos com os quais quer S. Bento quer mais tarde S. Francisco resistiam a suas tentações. A igreja superior com seus afrescos do séc. XIII destaca “o mais antigo e único retrato de São Francisco de Assis” (realizado em 1223, ainda sem estigmas), bem como anjos serafins alados e, mais tarde, de outros relativos a milagres de S. Bento.

Seguimos para Fiuggi, para alojamento e pernoita.

No dia seguinte (quarto) partimos para Cassino, visitando a Abadia de Montecassino, tido por berço da ordem beneditina.  Esta colina rochosa ficou conhecida mais por sua abadia, a 1ª casa da Ordem Beneditina, fundada por S. Bento em 529. Foi para esta comunidade que a Regra, de “Ora et Labora”, foi escrita. Nos séculos seguintes a abadia passou por diversas vicissitudes de saqueamento (lombardos-570, sarracenos-883, tropas francesas-1799), de destruição - terramoto de 1349 - e de bombardeamento pelos Aliados em 1944 (nas imediações e encosta da Abadia são impressionantes os cemitérios de guerra que evocam a morte de 30 000 soldados desta última!). Usufruiu de uma época de ouro nos sécs. XI e XII com a aquisição de grande território e fortificações acasteladas. Após a 2º Grande Guerra foi reconstruída pelo Estado Italiano, que lhe pertence e gere atualmente, tendo o seu antigo território sido transferido para a diocese de Sora-Cassino-Aquino-Pontecorvo, exceto o terreno onde se situam a igreja da abadia e o mosteiro e sem a antiga jurisdição sobre as mais de cinco dezenas de paróquias que lhe pertenciam.


A tarde e a noite deste quarto dia e a manhã do 5º dia  foram de visita a património cultural, artístico e arquitetónico da velha capital do Império Romano e “Cidade Eterna”, por fontes, igrejas, catedrais, palácios, praças, obeliscos e avenidas, assim: a Fontana dei Quattro Fumi e o Panteão na Piazza Navona, Fonte de Trevi, igreja de Santa Maria della Vitoria (êxtase de Santa Teresa e a famosa escultura de Bernini), igreja de Sant’Ignazio di Loyola (que representa a exaltação da atividade apostólica  da Companhia de Jesus em todo o Mundo), igreja de San Luigi dei Francesi (igreja nacional de França em Roma e famosa pelo imenso recheio de obras-primas de grandes artistas - Caravaggio, Domenichino e Guido Reni), Basilica di Santa Prassede (em especial por suas relíquias e um retrato feito por Bernini na sua juventude), e igreja de Santo António dos Portugueses (Sant’Antonio dei Portoghesi) localizada na Rua dos Portugueses, fundada em 1445 no local de um hospício para peregrinos portugueses fundado em 1363, ornamentada com mais de trinta tipos de mármores  com imensa policromia, decorações em talha dourada e beleza de obras pintadas com destaque para santos e beatos portugueses, e com um novo órgão de tubos considerado único em Roma, mostra um pouco do que Portugal é e promove. Fomos recebidos pela simpatia e engajamento de sua “alma mater” Mons. Agostinho Borges, transmontano de Vila Pouca de Aguiar, que faz força para que este espaço e as iniciativas do Instituto Português (IPSA) espicacem a curiosidade de conhecer o nosso país entre os habitantes da capital romana e de quem os visita.


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Atividade do GAMT (Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães), 2024, com apoio de programa e logística de Pinto Lopes Viagens.

Este grupo de viagem era constituído por trinta pessoas a partir de Braga/Porto.


Texto (baseado no programa de viagem, nas audições dos doutos guias, na observação dos locais, na releitura de fotos, em publicações turísticas e na net) e fotos de


Manuel Duarte


Ver em Silva Manuel











“Passeio das Virtudes: Pessoa, Património e Virtude” - Mosteiro de Tibães - 25 novembro 2023

 

Da Arte da Palavra

Uma conversa com Mário Cláudio


No passado dia 25 de novembro de 2023, decorreu no Mosteiro de Tibães a 2ª extensão do Passeio das Virtudes: Pessoa, Património e Virtude, sob o tema Da Arte da Palavra: uma conversa com Mário Cláudio.

Esta é uma iniciativa do Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães (GAMT) que nasceu no contexto do protocolo deste Mosteiro e da Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN) com a coordenação da Formação Avançada em Psicologia Positiva e Logoterapia da Universidade Católica Portuguesa.

O evento contou ainda com a parceria com o Sindicato de Poesia, o Ensemble Il Filo d´Oro, a NuguelMusic e uma participação especial do movimento Face to Face, Book to Book (FFBB).

O Passeio das Virtudes tem como principal objetivo contribuir para a valorização do património do Mosteiro de Tibães alusivo ao tema das virtudes, assim como do património imaterial substancializado no testemunho de pessoas, que na sua forma de estar, ilustrem a virtude. Para o efeito, dedica-se à produção de eventos que enalteçam o valor da Pessoa, Palavra, Património e Virtude.
















“Passeio das Virtudes: Pessoa, Património e Virtude” - Mosteiro de Tibães - 04 novembro 2023

Da Arte do Som e do Silêncio

Uma visita à obra de Sofia Saldanha


No passado dia 4 de novembro de 2023, decorreu no Mosteiro de Tibães, às 17h30, a 1ª extensão do Passeio das Virtudes: Pessoa, Património e Virtude, sob o tema Da Arte do Som e do Silêncio: uma visita à obra de Sofia Saldanha.

Esta é uma iniciativa do Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães (GAMT) que nasceu no contexto do protocolo deste Mosteiro e da Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN) com a coordenação da Formação Avançada em Psicologia Positiva e Logoterapia da Universidade Católica Portuguesa.

O evento conta ainda com a parceria com o Sindicato de Poesia, o Ensemble Il Filo d´Oro e a NuguelMusic.

Começamos por recuar virtualmente até às primeiras décadas do séc. XVIII para nos envolvermos na ambiência única do Escadório das Virtudes da Cerca de Tibães e falar um pouco da sua história e simbólica. Partimos em seguida para uma breve visita à última edição do Passeio das Virtudes para, pela voz do Sindicato de Poesia, evocar espaços e histórias que nos inspiram. Altura ainda para ouvirmos um magnífico trecho de música do séc. XVII pelo ensemble Il Filo d´Oro.

Passamos então ao momento principal da extensão Da Arte do Som e Silêncio, o encontro com a obra de Sofia Saldanha. Autora de astutos documentários sonoros que despertam os nossos sentidos pela estimulação auditiva, Sofia cristaliza pela sua voz tempos e espaços da vivência de poetas como Fernando Pessoa ou Miguel Torga, transmitindo-nos de igual modo experiências sensoriais como uma trovoada. Descartando a imposição da imagem, os seus documentários sonoros constituem, por excelência, a celebração da palavra.










“Passeio das Virtudes: Pessoa, Património e Virtude” - Mosteiro de Tibães - 15 julho 2023

Passeio das Virtudes: Pessoa, Património e Virtude, é uma iniciativa do Grupo de Amigos do Mosteiro de Tibães (GAMT) que parte de um protocolo previamente estabelecido entre a coordenação da Formação Avançada (FA) em Psicologia Positiva e Logoterapia da Universidade Católica Portuguesa e a Direção Regional da Cultura do Norte/Mosteiro de Tibães. Contou ainda com duas parcerias estabelecidas com Sindicato de Poesia e o Ensemble IL Filo d´Oro. A organização do evento teve os apoios do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa, da Câmara Municipal de Braga, do Teatro Circo, da Associação Empresarial de Braga, da TUB, da Agere, da Casa do Professor e da Livraria Centésima Página.

O projeto tem como primeiro objetivo contribuir para a dinamização e valorização do património do Mosteiro de Tibães alusivo ao tema das virtudes através da produção de eventos que enalteçam o valor da Pessoa, Palavra, Património e Virtude. As verbas resultantes serão destinadas para a recuperação do património perdido do Mosteiro de Tibães e edição das versões literárias das histórias produzidas.

O processo de construção da designada Formação Avançada, Psicologia Positiva e Logoterapia, assentou na escolha de uma metodologia de ensino que recorreu à inspiração emocional e estética para facilitar a prática de forças de carácter e o esclarecimento do propósito de vida. Para o efeito, além dos modelos de referenciação teórica, nomeadamente a Logoterapia e Análise Existencial, ao nível prático recorre-se a estratégias ilustradoras como o cinema ou a poesia, mas sobretudo, é a escrita de histórias que apelem a memórias referenciadoras ou a testemunhos inspiradores. Posto isto, em cada ano, com base nas histórias escritas pela coordenação do curso e no trabalho final dos alunos que consiste na escrita de uma história real ou ficcionada inspiradora de uma força de carácter, são constituídas versões literárias dessas narrativas, com vista a serem lidas pelo Sindicato de Poesia no trajeto definido para o Passeio das Virtudes nos espaços do Mosteiro, nomeadamente o Escadório das Virtudes.

Na 2ª edição constituíram-se duas extensões ao Passeio das Virtudes, nomeadamente, Da Arte do Som e do Silêncio, dedicada é visualização de um documentário sonoro da radialista e realizadora Sofia Saldanha, a decorrer no próximo dia 04 de novembro, e, a extensão Da Arte da Palavra dedicada é apresentação de uma obra que enalteça o valor da mesma, a decorrer no próximo dia 25 de novembro. Este ano o Passeio das Virtudes tem a honra de contar nesta extensão com a apresentação da obra Triunfo do Amor Português do escritor e poeta Mário Cláudio.

No passado dia 15 de julho decorreu o evento principal, a 2ª edição do Passeio das Virtudes. O programa teve três momentos. Iniciou com uma leitura científica acerca de forças de carácter e propósito de vida, pela coordenação da designada Formação Avançada, na Sala do Capítulo. Em seguida, pela voz do Sindicato de Poesia deu-se início ao Passeio das Virtudes, ao longo do qual foram dadas a conhecer 7 histórias em intervalos de 7 minutos. Iniciando no Pátio do Galo, foram percorridos alguns dos emblemáticos espaços exteriores do Mosteiro de Tibães, nomeadamente a Fonte de S. Bento, o Escadório das Virtudes, a Capela de S. Bento e o Lago, fim do qual se fechou o círculo, voltando-se ao ponto inicial, o Pátio do Galo. O programa finalizou da melhor forma possível, com o regresso à Sala do Capítulo para um magnífico momento musical pelo Ensemble IL Filo d' Oro.

Pelo Sindicato de Poesia, disseram: Ana Cláudia Fernandes, António Durães, Gaspar Machado, Joana Vilaverde e Manuela Martinez.














Lembrando 35º Percurso Beneditino: Espaços monásticos na Galiza: Mosteiro de São Julião de Samos, Mosteiro de Santa Maria de Oseira, Mosteiro de São Vicente do Pino...

Nos limiares do mês de fevereiro, decidimos prosseguir com o projeto de retornarmos à Galiza e visitarmos cenóbios ainda com vida, animados pelos seus monges em clausura.

Era uma pretensão audaciosa por desejarmos conduzir, durante dois dias, um grupo de pessoas num itinerário algo extenso. Depois de algumas pesquisas na Web e de uma viagem de reconhecimento, lá começámos nós a aventura das inscrições.


E, no dia 27 de maio, pelas 6 horas da manhã, saímos do adro fronteiro ao Mosteiro de São Martinho de Tibães, passando pela cidade de Braga, e continuámos a nossa jornada em direção à Galiza.

1-Chegada a Oseira

Com cerca de duas horas de viagem, passámos por San Cristovo de Cea, Ourense, e aproximámo-nos do Mosteiro de Santa Maria de Oseira, recuperado pelos monges cistercienses em 1929. Visualizando-o de longe, umas curvas antes da chegada, pudemos apreciar a sua extraordinária dimensão e o seu enquadramento num vale verdejante. (1a) (1)


Próximos, antes do desembarque, houve um pequeno despertar para a singularidade arquitetónica da fachada granítica maneirista do mosteiro e igreja. Também se fez alusão à existência de um pequeno museu etnográfico privado nas imediações do recinto, resultado de um projeto de vida de um casal galego.

Observados os nichos da Virgem da Assunção, São Bernardo e São Bento na fachada da igreja ornamentada com o escudo antigo de Espanha e flanqueada por duas torres gémeas, dirigimo-nos à receção do mosteiro. Ao atravessarmos o vestíbulo da portaria, reparámos nas colunas salomónicas com capitéis coríntios a suster a sacada da varanda central. (2)


Adquiridos os bilhetes, uma guia simpática conduziu-nos para uma visita com a durabilidade de aproximadamente uma hora. (3)

Começámos pelo primeiro de três claustros, o dos Cavaleiros, e dali tivemos a oportunidade visitar a igreja com planta de cruz latina, a parte mais importante deste conjunto monumental com elementos românico/góticos e barrocos, e a antiga sacristia renascentista. (4) (5) (6) (7) (8)


Atravessámos outros dois claustros: o renascentista Pináculo, o maior dos três, e o barroco dos Medalhões. Visitámos a Grande Escadaria Episcopal de Honra com uma decoração muito marcante dos degraus de estilo barroco. (9) (10) (11)

12-Mosteiro de Oseira, antiga Sala Capitular
Passámos por outras dependências do conjunto monacal como o refeitório, a botica e a antiga sala capitular de estilo gótico tardio do século XV, com suas quatro colunas torcidas, que se erguem do chão, como palmeiras e que alguns especialistas supõem ser de influência manuelina. (12) (13)

Finalizámos na loja do mosteiro onde se adquiriram livros, licores, pastas de chocolate e outros doces que se produzem na abadia. (14)


Pensávamos regressar ao autocarro para continuarmos a viagem, quando a maioria do grupo demonstrou grande vontade em conhecer o museu etnográfico. E se assim pensou melhor o fez, entrando no edifício para fazerem uma breve viagem ao passado, observando milhares de utensílios outrora usados no meio rural campesino.

Dispondo de apenas meia hora, retornamos ao autocarro e encaminhámo-nos para a vila de Samos. Ali chegados, um lugar verdejante de uma elevada beleza natural, direcionámo-nos para o pequeno hotel onde ficaríamos condignamente alojados e recuperaríamos as energias através de um alegre e agradável almoço de convívio.


15-Mosteiro de S. Julião de Samos, visita exterior
O relógio parecia movimentar-se mais rápido que o pretendido e, num instante, a hora de visitar o Mosteiro de S. Julião de Samos, reanimado em 1880, velozmente se aproximou. Feita uma pequena caminhada próxima do calmo rio Sarria para apreciação do vilarejo, reparámos no aspeto construtivo do mosteiro com as suas paredes em xisto, cuja história abeira a sua fundação ao século VI, sob a responsabilidade de S. Martinho de Dume. (15a) (15)


Para aceder à portaria do mosteiro beneditino, defrontámo-nos com a grandiosa fachada barroca da igreja, onde pudemos observar os nichos com as imagens de S. Bento e dos patronos da abadia, S. Julião e Santa Basilisa. Habituados à existência de torres sineiras, estranhámos a sua ausência revelando-se esta uma opção arquitetónica diferente. (16) (17)

Encaixados num grupo, demasiado numeroso, fomos encaminhados por um monge que nos guiou também num percurso de aproximadamente uma hora para conhecermos o interior do cenóbio.


19-Mosteiro de Samos, pinturas murais
Abriram-nos a porta para o amplo, sóbrio e classicista claustro do P. Feijoo, século XVII-XVIII, considerado pelas suas dimensões um dos maiores de Espanha. Ao centro, num pedestal, encontrámos um monumento ao P. Benito Jerónimo Feijoo, considerado o monge mais ilustre da abadia. No segundo piso do claustro, conseguimos admirar pinturas murais de artistas contemporâneos, a narrar a vida de S.
Bento, executadas após a recuperação do incêndio dos anos cinquenta do século passado. (18) (19)


Passámos por um claustro de menores dimensões, mais vistoso e antigo, o claustro gótico ou das Nereidas, assim designado devido à sua decoração e existência na zona central do jardim de uma fonte com o tema das figuras mitológicas gregas. Num dos seus ângulos, pudemos contemplar uma portada românica, século XII, vestígio das antigas edificações. Em torno deste claustro girava a vida monástica, permitindo o acesso à cozinha, refeitório e biblioteca. Foi-nos possível entrar no refeitório de estilo renascentista, um lugar de refeição e leitura. (20) (21) (22)


Do devastador incêndio de 1951, provocado por um depósito de álcool, salvaram-se unicamente a botica, a sacristia de planta octogonal e a igreja barroca de três naves do século XVIII. A característica luminosidade do templo, de gradeza e sobriedade clássica, não foi evidente devido ao instante de pluviosidade vivido nesse momento da visita. (23) (24) (25)


Concluída a visita ao mosteiro, percorremos um passadiço à procura da capela moçárabe de Salvador do Cipreste, de finais do século IX, já algo afastada do cenóbio. É o monumento mais antigo que pertencera outrora à abadia e que se encontra muito bem conservado. (26) (27)


28-Mosteiro de Samos, placa evocativa D. António Coelho
Ao final da tarde, no termo da missa do peregrino, aconteceu o inesperado convite para fazer uma visita suplementar a abranger a parte privada dos monges. E algo que esperançosamente aguardávamos aconteceu ao encontrarmos, junto à porta de uma cela, a alusão à residência do D. António Coelho, OSB. Este ilustre doutor da liturgia lecionou na Abadia de Samos entre 1922/26 e, entre 1932/38, dirigiu a paróquia de Mire de Tibães, fundando os Patronatos e dirigindo obras significativas de recuperação de parte do Mosteiro de Tibães (igreja, claustro, tribuna, eletrificação, sinos, claraboia e janelas do salão de residência, cemitério, estrada da igreja). (28)


Encantados pela confirmação desta descoberta, retornámos ao hotel onde de novo confraternizámos com um agradável jantar e recobrámos forças para prosseguir a jornada no dia seguinte.

Pelas nove horas da manhã, depois de um simpático pequeno almoço, partimos para a capital da Ribeira Sacra, Monforte de Lemos, onde ainda nos aguardavam três visitas pelo património edificado.


A primeira aconteceu na Torre de Menagem, construção situada entre os séculos XIII e XV. No alto de uma elevação e dominando as vistas sobre a cidade de Monforte e longínquas paisagens circundantes, a torre de quatro pisos e 30 metros de altura detinha em exposição uma parte da sua cronografia a qual cruza com o período da fundação de Portugal. (29)

29-Monforte de Lemos, Torre de Menagem e Mosteiro de S. Vicente do Pino
De seguida, visto do alto da torre, mesmo ao lado, descobrimos o Mosteiro de S. Vicente do Pino recuperado das ruínas no século XVII num estilo barroco neoclássico. Este edifício, adquirido e restaurado pela abadia beneditina de Samos, em 1922, foi transformado num parador/pousada em 2003, num processo que soube preservar parte da sua história. Aqui, depois de observar a fachada com o escudo real e a imagem de S. Bento, pudemos visitar livremente os espaços comuns como o bar, restaurante e o claustro de três pisos com cinco grandes arcadas. (30) (31)


Antes de descermos, num trajeto pedonal para o coração da cidade de Monforte, ainda observámos a fachada renascentista da igreja do mosteiro e o exterior do palácio dos Condes de Lemos.

Passando pelo memorial que honra a figura do combativo poeta galego Manuel Maria, chegámos à espaçosa praça onde se encontra bem enquadrado o Colégio dos Escolápios, conhecido também por o Escorial Galego. Tivemos uma visita guiada à parte ocupada pelo Colégio de N.ª S.ª de la Antigua, num percurso interior bastante limitado: parte da escadaria, claustro maior, pinacoteca e igreja. De entre estes espaços percorridos, despertou-nos mais à atenção a pinacoteca pelas pinturas expostas e a igreja com o seu belo altar-mor. (32) (33) (34) (35) (36) (37)


A hora de almoço já tardava. Encaminhámo-nos para um restaurante com um confortável serviço de menu galego, o El Hórreo, onde calmamente readquirimos a genica necessária para a viagem de regresso a casa.


38-Foto de grupo no claustro do Mosteiro de Oseira
E, ouvimos comentar: foi uma viagem organizada, divertida e bem-disposta, num convívio enriquecedor… um feliz espaço de encontro, aprendizagem e cultura (38)


- Agradecendo a sugestão para partirmos à descoberta do poeta galego Manuel Maria, acrescentamos aqui um texto escrito pelo sócio do GAMT, Henrique Barreto Nunes.




Consultar aqui texto de Henrique Barreto Nunes - Galegos no Minho


Sócio nº 2



1a-Mosteiro de Santa Maria de Oseira, 1929

2-Mosteiro de Santa Maria de Oseira, parte frontal

3-Mosteiro de Oseira, aula1

4-Mosteiro de Oseira, claustro dos Cavaleiros

5-Mosteiro de Oseira, nave central da igreja

6-Mosteiro de Oseira, capela-mor da igreja

7-Mosteiro de Oseira, tecto da capela-mor

8-Mosteiro de Oseira, rostos de anjos decorativos

9-Mosteiro de Oseira, claustro dos Medalhões

10-Mosteiro de Oseira, claustro do Pináculo

11-Mosteiro de Oseira, Escadaria Episcopal de Honra com decoração barroca


13-Mosteiro de Oseira, botica

14-Mosteiro de Oseira, produtos da loja

15a-Mosteiro de Samos, Monges restauradores



16- Mosteiro de Samos, fachada da igreja

17-Mosteiro de Samos, fachada noturna da igreja

18-Mosteiro de Samos, claustro P. Feijóo

19-Mosteiro de Samos, pinturas murais

20-Mosteiro de Samos, claustro Nereidas

21-Mosteiro de Samos, corredor interior do claustro das Nereidas

22-Mosteiro de Samos, refeitorio

23-Mosteiro de Samos, sacristia

24-Mosteiro de Samos, capela-mor da igreja

25-Mosteiro de Samos, tecto da capela-mor

26- Samos, capela do Ciprès

27- Samos, capela do Ciprès

30-Monforte de Lemos, fachada do Parador-Mosteiro de S. Vicente do Pino

31-Monforte de Lemos, claustro do Parador-Mosteiro S. Vicente de Pino

32-Monforte de Lemos, Colégio N.S. da Antíqua

33-Colégio N.S. da Antiqua, fachada da igreja

34-Colégio N.S. da Antíqua, altor-mor da igreja

35-Colégio N.S. da Antíqua, claustro

36-Colégio N.S. da Antíqua, escadaria

37-Fundação Real Colégio N. S. Antíqua